11 estados vivem surto de H1N1
O vírus da gripe H1N1 voltou a atingir o Brasil e o surto já assola 11 estados no país, principalmente São Paulo. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registrou até o dia 19 de março 305 casos da doença. 46 pessoas já morreram, dez a mais que no ano passado inteiro.
Ministério libera vacinação antecipada contra gripe H1N1
Em 2016, o vírus apareceu mais cedo, no mês de março. Ele era esperado para os meses de maio, junho e julho. Mas o que pode ter mudado o ciclo do H1N1? Esta é a pergunta que muitos profissionais de saúde estão fazendo no momento.
“Acredita-se que esta circulação mais precoce possa estar relacionada à forte temporada de Influenza que ocorreu no hemisfério norte, neste último inverno. Mas a explicação mais plausível ainda não foi determinada. O que sabemos há muito tempo é que o vírus influenza é sempre surpreendente e que nunca podemos saber com exatidão como será o comportamento do vírus a cada ano”, afirma a infectologista Rosana Richtmann, do Hospital e Maternidade Santa Joana.
O vírus H1N1 é do tipo influenza A, um dos causadores da gripe comum. É o mesmo responsável pela pandemia de gripe suína ocorrida em 2009. Só no Brasil, naquela época, foram 50 mil casos e mais de 2.000 pessoas morreram.
Apesar das semelhanças com os sintomas iniciais da gripe comum (febre, tosse, coriza, dor de garganta, na cabeça e no corpo), a H1N1 pode ser ainda mais perigosa.
Segundo Richtmann, além dos sintomas normais de gripe, outra forma de apresentação do H1N1 mais grave é a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
“Ela é caracterizada por falta de ar, diminuição da saturação de oxigênio, desconforto respiratório, podendo evoluir para insuficiência respiratória, choque e até a morte.” Em alguns casos, também podem ocorrer vômitos e diarreia. Testes laboratoriais são capazes de identificar por qual tipo de vírus o paciente foi infectado.
O tratamento basicamente é realizado com um medicamento antiviral, de uso oral, por cinco dias. “Para ser efetivo, deve ser iniciado o mais precoce possível, preferentemente até 48h do início dos sintomas. Além do uso do antiviral, podemos prescrever sintomáticos, para aliviar os sintomas”, diz a infectologista.
A prevenção, contudo, é a maneira mais eficaz de combater a doença. “As medidas mais importantes são a higienização das mãos frequentemente, com água e sabão ou álcool gel”, recomenda Richtmann. Além disso, indica-se manter ambientes arejados e ventilados e evitar locais fechados com grande número de pessoas. Alimentação correta, ingestão de água e a prática de exercícios físicos também reduzem as chances de contrair o vírus.
Vacinação
Outra forma efetiva de prevenção é o uso da vacina específica contra a gripe. Ela já está disponível na rede privada e, a partir do dia 30 de abril, estava prevista para ser disponibilizada também na campanha do programa nacional de imunização, da rede pública.
O Ministério da Saúde, no entanto, vai permitir a antecipação da vacinação contra a doença, e os Estados interessados poderão começar a imunizar grupos considerados mais vulneráveis antes da campanha nacional.
Em São Paulo, o primeiro lote está previsto para ser liberado nesta sexta-feira – nos demais Estados, a partir de segunda.
Nas unidades públicas de saúde, a vacina é destinada a alguns grupos prioritários: crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, idosos, profissionais da saúde, povos indígenas e pessoas portadoras de doenças crônicas e outras que comprometam a imunidade.
Tanto a vacina das clínicas privadas quanto a da campanha governamental contém o H1N1, além de outros dois tipos de influenza (H3N2 e influenza B).
“Estima-se que o tempo de proteção conferido pela vacina seja de um ano, porém essa resposta pode variar, conforme o tipo de paciente, idade e hábitos”, afirma Rosana Richtmann.
São Paulo
A cidade de São Paulo já registrou oito mortes e 66 casos confirmados de gripe H1N1 somente em 2016, segundo informou nesta segunda-feira o secretário de Saúde Alexandre Padilha.
No mesmo período de 2015, foram contabilizados 12 casos e nenhum óbito.
A vacina já foi antecipada, com lotes do ano passado, na região noroeste do Estado. Já são 16 mortes causadas pelo vírus este ano na região.
O governo também negocia adiantar a compra da nova vacina, da fabricante francesa Sanofi Pasteur.
Há relatos da falta do medicamento Tamiflu, usado para combater a gripe, nas farmácias. A reportagem do site já entrou em contato com o laboratório Roche, que fabrica o medicamento, mas ainda não obteve um retorno sobre o assunto.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não há qualquer restrição por parte da agência na comercialização do Tamiflu.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo