31 de maio: Dia Mundial sem Tabaco

31 de maio - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

Ninguém mais discute sobre os males que o consumo de tabaco causa na saúde dos seres humanos. Há décadas as pesquisas mostram, em temas variados, quantos problemas o hábito de fumar pode trazer. Mas é certo: sempre há aquela pessoa que prefere não pensar muito sobre isso.

A campanha do Dia Mundial sem Tabaco deste ano pretende demonstrar que, além dos prejuízos à saúde, o cigarro provoca danos socioambientais.

Com o tema “Uma ameaça ao desenvolvimento”, a ação quer chamar a atenção para os problemas gerados pela indústria tabagista.

De acordo com o pneumologista Mauro Zamboni, do Inca (Instituto Nacional de Câncer), muitos países são obrigados a aumentar os gastos com saúde pública por causa de doenças relacionadas ao tabaco. As enfermidades geram redução na produtividade, impactando a economia. O problema contribui ainda para o agravamento das desigualdades.

“Pessoas mais pobres acabam gastando menos em necessidades básicas como alimentação, educação e cuidados de saúde”, detalha o especialista.

Balanço da OMS indica que o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo. São 63% de óbitos ligados a doenças crônicas. O prazer silencioso do cigarro pode trazer consequências graves para a saúde.

O tabaco é responsável por 85% das mortes por doenças pulmonares crônicas, 30% por diferentes tipos de câncer, 25% por doenças do coração e 25% por doenças cerebrais.

As projeções para os próximos anos são desoladoras. Caso a tendência mundial seja mantida, até 2030, 8 milhões de pessoas devem morrer a cada ano em decorrência dos males causados pelo tabaco, 80% delas em países de baixa e média renda.

Enquanto o mundo sofre com a situação, o Brasil caminha na direção oposta. A revista médica The Lancet publicou estudo indicando que o país é uma “história de sucesso digna de menção”.  Nos últimos 25 anos, o número de fumantes brasileiros diários caiu de 29% para 12% entre homens e de 19% para 8% entre mulheres.

Apesar da diminuição da quantidade de fumantes em todo o mundo, o número de mortes causadas pelo tabagismo cresceu 4,7% em 2015.

Depois de fumar por mais de 10 anos, Eunice Pinto, 35 anos, resolveu largar o cigarro. O vício estava pesando no bolso. Sem contar com nenhum suporte, a professora de estética conta que não foi nada simples deixar para trás o hábito adquirido aos 14 anos de idade. Depois de algumas tentativas frustradas, conseguiu dar um basta definitivo em 2008.

A decisão não foi fácil, Eunice sofreu com estresse, mas hoje comemora. “Na época não tive aumento do apetite ou mudança na minha disposição, mas sei que para a saúde foi muito bom. Sentia falta no início, hoje raramente sinto vontade, mas logo passa.”

O militar Orlando Camargo, 33 anos, não teve a mesma sorte. Dois anos após largar o cigarro, teve uma recaída e segue fumando. A mudança de cidade, situação comum em sua profissão, abriu caminho para uma nova rotina, onde o cigarro estava presente.

“Passei a sair, ver outras pessoas fumando e ficava com vontade. O ato em si não dá muito prazer, só quando você fuma depois de uma refeição, por exemplo. Acaba sendo uma questão de hábito mesmo.”

A maneira como Orlando se relaciona com o cigarro não é um caso isolado. O enfoque do Programa Nacional de Controle do Tabagismo do Ministério da Saúde está exatamente em controlar práticas adquiridas ao longo da vida.

Encabeçado pelo Inca, a abordagem tem como base o modelo comportamental. Mauro Zamboni explica que o entendimento é que o ato de fumar é um comportamento aprendido, desencadeado e mantido por determinadas situações e emoções. Nesse contexto, o tratamento prevê a mudança de costumes, buscando a alteração nas crenças e a desconstrução de vinculações comportamentais ao ato de fumar.

Combinada com o uso de medicamentos disponibilizados na rede SUS, a abordagem une intervenções cognitivas com treinamento de habilidades comportamentais.

Em qualquer fase da vida, parar de fumar traz inúmeros benefícios à saúde.

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Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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