Infarto também é assunto de mulher

11 de abril - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

Até os anos 80, problemas no coração eram considerados “coisa de homem”. Mas o aumento do número de casos entre as mulheres nos últimos anos acendeu o sinal vermelho entre os cardiologistas, que passaram a se debruçar mais sobre o coração da mulher para entender os motivos desse crescimento.

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Reconheça um infarto

Você sabia… Que até 2030, a estimativa é de que 23,6 milhões de pessoas morrerão de doenças cardiovasculares anualmente?

A organização American Heart Association apontou que as doenças do coração são a causa número 1 de mortalidade no sexo feminino. No Brasil, 42% das pessoas que enfartam e morrem são mulheres e as doenças do aparelho circulatório hoje são a principal causa de mortalidade feminina.

Foto: Shutterstock
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Há 50 anos, a cada dez casos de infarto, um era de mulher. Hoje, são cinco mulheres infartadas a cada dez casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

“As mulheres morrem por doenças cardíacas porque houve um certo descompasso no entendimento de que eram tão vulneráveis quanto os homens a problemas no coração”,  afirma Elizabeth Alexandre, presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher da SBC.

Com números tão alarmantes, é mais do que necessário que as mulheres fiquem alertas à saúde cardíaca, principalmente as que já entraram na menopausa.

Nesta fase da vida, ocorre uma queda acentuada do estrogênio, hormônio que tem como uma de suas funções regular o colesterol no organismo da mulher.  A queda nos níveis do hormônio favorece o aumento do colesterol ruim e a baixa do nível de colesterol bom no sangue. A “gangorra” faz com que o colesterol se acumule nas artérias e interrompa o fluxo sanguíneo, facilitando o infarto.

Essas mudanças fazem da menopausa um período crítico para problemas cardíacos nas mulheres, mas a mortalidade por doenças cardiovasculares em um grupo mais jovem vem surpreendendo os cardiologistas.

“No grupo de mulheres com idade entre 35 e 44 anos não observamos a mesma redução de mortalidade que observamos em outros grupos. Esse é o foco das pesquisas no momento”, diz a cardiologista.

De acordo com a médica, foi avaliado que alguns dos fatores de risco para doenças coronarianas como hipertensão, tabagismo, obesidade, diabetes e sedentarismo são muito comuns entre essas mulheres, que não costumam se preocupar com o coração.

“O tabagismo, que se observa bastante nessa idade, é muito mais perigoso para a mulher do que para o homem. Esse é o grande fator de risco para o infarto nas mulheres mais jovens.”

A cardiologista Roberta Saretta, do Hospital Sírio-Libanês, explica que a mulher foi adquirindo esses outros fatores de risco, que antes eram “exclusivos” dos homens, por conta de uma rotina mais atribulada.

“Com a expressiva participação no mercado de trabalho e a segunda jornada em casa, o universo feminino passou a conviver com esses problemas silenciosos, como é o caso do colesterol alto, da diabetes e do tabagismo.”

A médica da SBC comentou sobre o risco oferecido pelo diabetes. “Temos chamado muita atenção porque o risco cardiovascular da mulher diabética é o dobro do homem diabético.”

Segundo o último levantamento do Ministério da Saúde, o diabetes atinge 9 milhões de brasileiros – o que corresponde a 6,2% da população adulta. As mulheres (7%) apresentaram maior proporção da doença do que os homens (5,4%).

Avaliação médica

Se a mulher tem algum dos fatores de risco listados, além de predisposição genética, é recomendável procurar um médico cardiologista a partir dos 30 anos para fazer uma avaliação.

“A doença cardiovascular é altamente evitável e é possível fazer uma prevenção muito eficaz”, afirma a especialista da SBC.

Segundo Roberto Kalil Filho, diretor da unidade de cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, é importante desmistificar a ideia de que a mulher não enfarta e incentivar a procura por um médico especialista para avaliar a saúde do coração.

“A mulher costuma ir ao ginecologista anualmente, mas ignora que é preciso procurar um clínico cardiologista para avaliar riscos de problemas cardíacos”, disse Kalil.

No mês passado, o hospital lançou uma campanha voltada à saúde feminina, com foco na prevenção de doenças coronarianas. As iniciativas visam difundir informações sobre prevenção e tratamento correto de doenças cardiovasculares entre o público feminino.

Médicas de diferentes especialidades irão integrar o futuro serviço de avaliação do coração da mulher do hospital, incluindo especialistas em oncologia, endocrinologia, ginecologia e cardiologia do exercício.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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