Doação de órgãos no Brasil ainda está abaixo da meta
Milla Oliveira
Mesmo com o crescimento de 7,6% no número de doações de órgãos em 2014, a taxa de doadores ainda está 5% abaixo do previsto pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e pelo Ministério da Saúde. As informações foram divulgadas no Registro Brasileiro de Transplantes de 2014, publicado pela ABTO sobre a situação da doação de órgãos e transplantes no Brasil. O índice esperado era de 15 doadores por milhão de população (pmp), mas o número alcançado foi de 14,2 pmp. Para 2017, a taxa prevista é de 20 pmp.
A principal causa apontada pelo relatório para o País não ter alcançado a meta de doações é o elevado número de recusa familiar. Em 2014, 46% das famílias recusaram doar os órgãos de parentes falecidos. Para a ABTO, uma meta plausível é diminuir 2% por ano, até atingir 30%. Outro problema identificado é a taxa de parada cardíaca, de 14,5%, que também impede parte das doações.
Em entrevista concedida ao Coração & Vida, o presidente da entidade, o médico Lúcio Pacheco, afirmou que a atuação do profissional de saúde no momento da perda do ente querido é fundamental para a efetivação da doação. Ainda assim, Pacheco reconhece a dificuldade de abordar o assunto com a família de alguém que acabou de falecer.
“É preciso dar um tempo para os familiares refletirem sobre a morte do parente. Pode ser muito difícil propor a doação de órgãos para uma família que nunca falou sobre isso”. diz.
O relatório da ABTO também destaca o crescimento da taxa de doadores efetivos na região Norte do Brasil nos últimos sete anos. O número de doações nesta região cresceu 6,6 vezes no período, enquanto a taxa de aumento nas outras regiões ficou entre 1,9 a 2,9 vezes.