Chegada do frio acende alerta para doenças respiratórias
A chegada das estações mais frias do ano já é, por si só, aquele estopim de irritação de mucosas. Vêm os espirros, o nariz coçando, a tosse. Tudo isso se soma à nossa tendência de aglomeração em locais fechados, de desentocar aquele edredom guardado há meses e de nos enrolar em cachecóis… É quando as doenças respiratórias afligem mais a população, e vírus e bactérias, além de certos descuidos, acabam levando a filas nos prontos-socorros e a maior número de internações.
O aumento nos atendimentos a crises desse tipo ocorre sempre no início de junho.
Segundo dados registrados nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) em todo o país, apenas a chegada do inverno já faz crescer a demanda espontânea (consultas não agendadas) em aproximadamente 10% em relação ao restante do ano.
Conforme o inverno avança, algumas cidades chegam a mostrar mais de 30% de aumento no volume de casos.
As pessoas já portadoras de doenças respiratórias crônicas, como asma, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) ou rinite alérgica, com maior tendência a apresentar crises, precisam ser acompanhadas de perto, porque, se agravadas, as doenças podem levar a internações.
“Uma série de situações e substâncias podem desencadear crise de asma ou rinite, especialmente nos indivíduos com a forma alérgica, que é mais comum em crianças”, afirma Ronaldo Adib Kairalla, pneumologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
“Dentre essas substâncias, chamadas alérgenos, estão os ácaros, presentes na poeira, e os fungos, presentes no mofo. A exposição a isso deve ser evitada.”
Certos hábitos precisam mesmo de mais controle durante as estações mais frias. Um ponto crítico é a fumaça – especialmente a do cigarro. “Na época das infecções, a irritação provocada pelo cigarro reduz a capacidade de defesa das vias respiratórias, favorecendo a infecção por vírus e bactérias”, explica Kairalla.
A rinite pode ser considerada a doença respiratória que tem maior alcance – é um problema global de saúde pública, já que afeta cerca de 20 a 25% da população mundial.
Embora com sintomas de menor gravidade, ela está entre as dez razões mais frequentes de atendimento nas unidades básicas de saúde. Quando se manifesta, afeta muito a qualidade de vida, podendo causar, de começo, prejuízos na rotina diária (faltas recorrentes no trabalho ou na escola, por exemplo).
O próprio Ministério da Saúde admite que, mesmo com tantos portadores, é uma doença subdiagnosticada, pois nem todas as pessoas que têm rinite procuram atendimento – o que causa falta de controle dos sintomas e uso errado de remédios (especialmente nessas estações do ano, com o desconforto maior que trazem).
Para se ter ideia da importância das doenças respiratórias no Brasil, registros do DATASUS (sistema de dados do Ministério da Saúde) apontam que elas representam, em conjunto, as principais causas de internação no país (fora internações ligadas à gestação e ao parto) com mais de um milhão de casos por ano.
O Brasil ocupa a oitava posição mundial em prevalência de asma, por exemplo, e registra cerca de 270 mil internações ao ano.
No caso dessas doenças crônicas, a melhor maneira de prevenção do agravamento no período de outono/inverno é o acompanhamento clínico e o uso correto das medicações de controle definidas pelos médicos. A vacinação contra a gripe também é uma ferramenta de prevenção.
Além disso, todos devem fazer esforço extra para evitar contrair e espalhar doenças. Veja dicas no quadro abaixo.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo