Saiba o que fazer quando o estresse impacta sua vida
Paula Rosa
Quando o corpo pede socorro é hora de parar e buscar atividades que contribuam para a eliminação dos sintomas físicos e psicológicos provocados pelas situações estressantes da rotina. Dormir corretamente, cuidar da saúde, alimentar-se de forma saudável, praticar atividades físicas, buscar momentos de prazer, refletir sobre a maneira de lidar com as situações e buscar mudanças são pequenas atitudes que, se tomadas no momento certo, ajudam a diminuir o risco de crises de estresse.
A psicóloga Vivian Stipp, colaboradora do Hospital das Clínicas da FMUSP, afirma que em alguns casos há necessidade de uso de medicamentos, mas é preciso entender a causa do estresse antes de tratar os sintomas. “Nosso corpo cobra atitudes físicas e emocionais, então o medicamento pode tratar os sintomas, mas é preciso entender primeiro a causa do estresse”, afirma.
O problema é que além das situações adversas e estressantes do cotidiano, homens e mulheres tiveram que aprender a lidar com uma rotina cada vez mais frequente nas cidades: a violência.
Presenciar assaltos, sequestros e agressões para alguns são momentos superáveis, mas, para outros, pode representar uma situação de estresse intensa e desencadear traumas, além de transtornos como crises de ansiedade e pânico. É como se a pessoa vivesse uma intensa reação de estresse na situação, que não se desfaz e impede o retorno ao seu estado psicológico habitual.
Foi o que aconteceu com a publicitária Kenia Almeida, que desenvolveu o estresse pós-traumático há dois anos, após ser vítima de um assalto que provocou mudanças irreversíveis em sua vida. Ela conta que o estresse traumático do momento do assalto aliado ao reconhecimento do agressor na delegacia desencadeou crises de pânico e ansiedade. “Reconhecê-lo na delegacia foi pior do que o assalto em si. Como ele não ficou preso, porque era menor de idade, ele ria da situação e isso me deixou em pânico, já que ele tinha todas as minhas chaves e documentos”, relata a publicitária.
Kenia faz parte da parcela de 15% a 20% das pessoas que, de alguma forma, estiveram envolvidas em casos de violência urbana e desenvolveram transtornos após uma situação de estresse pós-traumático. “Comecei a reviver e recordar a cena da delegacia toda hora. Achava que ele se vingaria de mim, da minha família. Vendi minha casa, mudei para um condomínio fechado e não saio sozinha. Vivia estressada, como se o assalto estivesse ocorrendo naquele momento e, a partir daí, desenvolvi crises de ansiedade e pânico”, completa.
Para muitas pessoas como Kenia, o trauma pode ser tão profundo que só adotar atitudes simples e saudáveis não aliviarão o estresse. “Por um ano tive que tomar anti-depressivos diariamente, porque chegava a ter de 3 a 4 crises por semana. Hoje estou melhor, só tomo remédios em caso de emergência e faço terapia semanalmente”, finaliza a publicitária.
Em outra matéria, Coração & Vida abordou os efeitos que o estresse pode causar no organismo, comprometendo a qualidade de vida e até desencadeando doenças. Leia mais:
Estresse: de defesa natural do organismo a mal do último século
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo