Paula Rosa

Sabe aquelas veias dilatadas e deformadas, de coloração púrpuro-azulada, que surgem ao longo das pernas? As chamadas varizes, além de desagradáveis esteticamente, podem causar desconforto, dor, inchaço e até feridas na pele.

As varizes da perna são as dilatações das veias que levam o sangue dos membros inferiores ao coração, causando congestionamento associado a comprometimento das válvulas responsáveis por direcionar o caminho correto do sangue. “Quando a veia fica varicosa ela fica muito dilatada e essas válvulas deixam de funcionar corretamente, fazendo com que o sangue não suba com a mesma eficiência”, explica o cirurgião vascular do Instituto Central do Hospital das Clínicas, em São Paulo, Ivan Casella.

Hereditariedade, passar horas na mesma posição, não controlar o peso e levar uma vida sedentária são alguns dos fatores que provocam as varizes. Os primeiros sintomas causados pelas indesejáveis veias dilatadas são sensação de peso e cansaço nas pernas, pés e coxas. A servidora pública Cristina Darlen, conhece bem esses incômodos. “Desde os doze anos de idade tinha aquelas veias mais cheias, com aspecto de ondas, que provocavam muita dor. Com o tempo os sintomas aumentaram, chegando a um ponto que, para subir as escadas da minha casa, eu tinha que fazer massagem nas pernas porque tinha câimbras terríveis”, relata.

Quando as varizes não são tratadas e atingem estágios mais avançados podem manchar a pele, endurecer as veias e causar até feridas. “Podem surgir complicações como flebites, inflamações nas veias com formação de coágulos (uma espécie de trombose) e úlceras varicosas, feridas de difícil cicatrização”, alerta o cirurgião vascular.

A boa notícia é que há tratamento. Quando as varizes são superficiais, a injeção de medicação pode eliminar essas veias. Para o tratamento de varizes profundas, o indicado é a remoção cirúrgica das veias afetadas, por meio de pequenas incisões na pele, laser ou radiofrequência. A cirurgia é rápida e o paciente não precisa ficar hospitalizado por um longo período.

A cirurgia foi o recomendado para a professora Cristina Darlen, que realizou o procedimento no ano 2001, quando tinha 28 anos. “Tirei parte da veia safena e fiquei um mês sem poder colocar as pernas para baixo. Mas, graças a cirurgia, não sofro mais com dores e câimbras”, comemora Darlen, que faz acompanhamento anual e adotou a atividade física e drenagem para combater os efeitos de micro varizes que ainda possui.

A má notícia é que em alguns casos, mesmo após a cirurgia, as temidas varizes podem reaparecer. Isso porque no procedimento retiram-se apenas as veias doentes deixando as sadias, que podem adoecer com o tempo. “Um jovem que tem muitas veias varicosas tem boas chances de, mesmo depois da cirurgia, voltar a ter varizes ao longo da vida. O que não acontece, por exemplo, com aqueles em que as varizes apareceram em idade mais avançada”, afirma o cirurgião.

As varizes devem ser tratadas como problema de saúde, além do aspecto estético. Portanto, é preciso ficar vigilante ao seu surgimento e, caso já existam, buscar tratamento específico.  

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo