Indústria reduz sal dos alimentos
Milla Oliveira
Na última terça-feira (12), o Ministério da Saúde e a Associação das Indústrias da Alimentação (Abia) anunciaram que o Plano Nacional de Redução de Sódio conseguiu reduzir em até 10% o teor de sódio de mais de 800 produtos. A iniciativa, que já está em sua segunda etapa, ajudou a diminuir, em três anos, mais de sete mil toneladas de sódio de alimentos industrializados. A meta é provocar uma redução de 28 mil toneladas até 2020.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de menos de cinco gramas de sal por dia, ou o equivalente a uma colher de chá rasa ou cinco sachês de restaurantes. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/IBGE) de 2008 revelou que o consumo de sódio do brasileiro excedia em mais de duas vezes o máximo recomendado pela OMS. A média nacional é de 12 gramas.
Apesar de considerar o programa benéfico para a saúde do brasileiro, o diretor da Unidade Clínica de Hipertensão do Incor, Luiz Aparecido Bortolotto, afirma que o plano realizado ainda é tímido, porque só houve redução de 10% do teor de sódio dos produtos, enquanto que a maioria dos países propõe redução de 15%. Ele criticou também o fato de que o programa preconizou uma redução baseada nos teores máximos de sódio que os produtos podem conter, em vez de usar como ponto de partida o teor médio aconselhado. O que ocorre é que, mesmo com a redução, alguns alimentos continuam apresentando quantidades muito acima do recomendado. “Se reduz a partir do máximo, mexe em um patamar ainda longe do que a gente gostaria. O foco visando o patamar médio já melhora”.
Além do sódio presente nos alimentos industrializados, é preciso também ter atenção com o sal que é adicionado aos pratos no domicílio ou em restaurantes. “A maior quantidade de sal do brasileiro vem do que é adicionado. As pessoas põem muito sal na comida e é algo cultural que tem que ser mudado”, alerta Bortolotto. Ele menciona que em Buenos Aires, na Argentina, o saleiro foi retirado da mesa para evitar os acréscimos de sódio aos pratos.
O principal problema causado pelo excesso de sódio no organismo é a hipertensão arterial. Segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção Para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em 2014, a população com a doença chegou a 24,8% contra 24,1% em 2013. “A hipertensão tem uma relação muito direta com o consumo de sal. É provado que, além disso, o excesso de sal também favorece a insuficiência cardíaca, dilatação do coração e também a insuficiência renal”, afirma o especialista do Incor.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo