Mudança brusca de temperatura ambiente pode trazer riscos à saúde
Paula Rosa
Mudanças bruscas de temperatura podem trazer riscos à saúde, como problemas cardiovasculares e pulmonares.
De maneira geral, nosso organismo é bem preparado para lidar com as mudanças súbitas de temperatura – do calor para o frio e vice-versa. Para evitar o chamado “choque térmico”, o jeito é ficar atento às variações bruscas, usando vestimentas adequadas ao sair de casa e cuidando da alimentação e da hidratação.
Mas qual a mudança de temperatura mais perigosa? Sair do quente para o frio ou do frio para o quente? O diretor do Laboratório de Treinamento e Simulação em Emergências Cardiovasculares do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da FMUSP, Sérgio Timerman, destaca que depende muito do ambiente em que a pessoa vive.
“Nosso país é tropical, mais quente, então temos muito mais adaptabilidade para temperaturas elevadas. O que não acontece, por exemplo, com aqueles que vivem em países com um clima mais frio”, afirma.
Segundo ele, toda vez que o corpo precisa se adaptar a mudanças drásticas de temperatura, aciona um sistema chamado homeostase e diferentes órgãos agem em conjunto para manter o corpo em boas condições de funcionamento.
“Com a baixa de temperatura, por exemplo, aumenta-se em quase 30% os problemas cardiovasculares. Quando há calores intensos, podem surgir os acidentes cerebrais”, explica o especialista.
Os sintomas provocados pelo choque térmico variam de acordo com o grau de conflito climático sofrido, ou seja, algumas vezes você pode apenas se sentir incomodado, em outras o resultado pode ser mais intenso, resultando em arritmias cardíacas, alterações pulmonares e paralisia facial.
Quando a mudança de temperatura é do frio para o quente, por exemplo, a pressão sanguínea tende a cair, deixando o sangue mais viscoso e as artérias mais contraídas, exigindo um maior esforço para alimentar os órgãos que mais precisam de oxigenação de sangue.
Já do quente para o frio, a pressão costuma aumentar, podendo provocar uma crise hipertensiva.
“Neste caso, pessoas com problemas cardíacos são mais susceptíveis a mudanças de temperaturas. Quem sofre de alergias respiratórias também pode ter o quadro agravado pelo choque térmico, por causa do ressecamento das mucosas das vias aéreas”, finaliza o médico.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo