Saiba como identificar e prevenir o novo vírus Zika, transmitido pelo Aedes aegypti
Paula Rosa
Uma nova doença transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti está vitimando pessoas no Brasil: o vírus Zika.
Até pouco tempo só se falava na dengue, depois veio a chikungunya, e agora o Zika. Esse novo vírus, no entanto, apresenta sintomas mais brandos e não há registro de morte associada à doença. Sua evolução é benigna, com um período de incubação de quatro dias e presença de até sete dias.
O Coração & Vida faz um alerta para que a população não descuide dos criadouros apenas pelo fato de os casos terem diminuído e saído das manchetes dos jornais. A dica é sempre adotar hábitos como armazenar lixo em sacos plásticos fechados, manter a caixa d’água vedada e não deixar água acumulada em calhas.
Também é importante encher com areia os pratinhos dos vasos de plantas e tratar a água de piscinas e espelhos d’água com cloro.
Os últimos dados do Ministério da Saúde apontam para 16 pessoas diagnosticadas com o Zika, oito no Estado da Bahia e oito no Rio Grande do Norte.
Quem contrai o vírus pode apresentar febre baixa, hiperemia conjuntival (olhos vermelhos) sem secreção e sem coceira, artralgia (dores em articulação) e exantema maculo-papular (erupção cutânea com pontos brancos ou vermelhos), dores musculares, dor de cabeça e dor nas costas.
Morador do Rio de Janeiro, o geofísico Thiago Borges teve diagnóstico de infecção pelo Zika após retornar de uma viagem à Feira de Santana, na Bahia.
Ele relata que um dia após chegar à cidade sentiu um cansaço extremo e, dois dias depois, apareceram febre baixa e algumas manchas vermelhas na pele.
“Os primeiros dois dias foram os piores. Senti um cansaço extremo, tive febre baixa, dor no corpo, principalmente na parte atrás dos olhos e na cabeça. A vontade era de ficar deitado”, disse o geofísico, que, ao retornar ao Rio de Janeiro, procurou um serviço de saúde e foi orientado a voltar para casa, usar medicamentos para amenizar os sintomas e, caso houvesse agravamento do quadro, retornar ao hospital.
“Comparando com um celular, por exemplo, é como se a bateria do aparelho tivesse acabado. Essa indisposição foi o que mais me incomodou”, completou.
Como ainda não existe um exame específico que identifica o vírus Zika, além do teste de sangue, que descarta doenças mais graves como dengue, chinkungunya, sarampo e mononucleose, o diagnóstico clínico do médico é imprescindível para identificar a febre.
Foi o que aconteceu com o Thiago, que, após fazer o exame de sangue, ouviu do profissional de saúde que estava com o vírus de nome estranho e, até então, desconhecido por ele.
“Eu nunca tinha ouvido falar nessa nova febre”, relata. O geofísico ainda aconselha as pessoas a procuraram um serviço de saúde assim que aparecerem os sintomas. “Eu negligenciei um pouco os sinais porque achei que fosse cansaço da viagem, mas é importante que, ao contrário de mim, as pessoas procurem logo um serviço de saúde. Foi uma doença mais branda, mas poderia ter sido algo mais grave.”
O superintendente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, Alexandre Chieppe, afirmou que a maior preocupação é com a falta de imunidade da população contra o vírus.
“Agora é o período de menor atividade do mosquito, devido às baixas temperaturas. A partir do fim do ano, o monitoramento deve estar bem afinado para evitar risco de elevada transmissão”, declarou.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que, apesar de apenas 18% dos infectados com o vírus apresentarem manifestações clínicas da doença, é importante que os profissionais de saúde se mantenham atentos frente aos casos suspeitos e adotem as recomendações para manejo clínico da doença.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo