Você sabia que a cardiopatia congênita tem cura?

19 de junho - 2015
Por: Equipe Coração & Vida

Milla Oliveira e Thassio Borges 

Mais de 23 mil crianças nascem com problemas cardíacos todo ano no Brasil. Essas doenças são conhecidas como cardiopatias congênitas, um defeito na estrutura e função do coração presente no momento do nascimento.

Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia apontam que ao menos 80% desses bebês cardiopatas precisarão de uma cirurgia para corrigir esses problemas.

Alguns fatores de risco podem desempenhar um papel no desenvolvimento da cardiopatia congênita, entre eles hereditariedade, doenças cromossômicas, rubéola e diabetes tipos 1 e 2 na gravidez, além do consumo de álcool, drogas e alguns medicamentos durante a gravidez.

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Foto: Shutterstock

Segundo o cardiologista Fábio Jatene, vice-presidente do conselho diretor do Instituto do Coração (InCor), alguns defeitos cardíacos congênitos começam a se desenvolver já no útero materno.

“Os métodos atuais conseguem diagnosticar essas alterações e más formações no coração da criança. Então é possível identificá-los no fim do primeiro trimestre, no segundo trimestre e ao final da gestação”, diz.

O cardiologista enfatiza a necessidade do diagnóstico precoce, com o objetivo de evitar problemas graves no futuro.  De acordo com Jatene, alguns problemas considerados “menores” se agravam com o passar do tempo.

“Eu conheço pessoas que não fizeram o diagnóstico no início e a doença foi descoberta aos 15, 20 anos. Essas pessoas não tinham um problema tão grave, mas ele se agravou. Aos 15, 20 anos não dá para fazer a correção. Nesses casos, pode ser necessário um transplante, algo mais radical.”

Entre os sintomas da cardiopatia congênita estão cianose (pele com coloração azulada), falta de ar, pneumonias de repetição, tosse, sudorese ou cansaço para as mamadas (neonatal), tonturas ou desmaios e inchaço do tecido do corpo ou órgãos (edema), por disfunção do músculo cardíaco.

Tipos de cardiopatia

Em entrevista ao Coração & Vida, a cardiologista Nana Miúra, da unidade clínica de cardiologia pediátrica do InCor, explica quais são os tipos de cardiopatia congênita:

– Comunicação interventricular (CIV): representada por uma malformação que permite a passagem de sangue do ventrículo esquerdo ao ventrículo direito e pode causar fluxo aumentado nos pulmões;

– Comunicação interatrial (CIA): representada pela passagem de sangue do átrio esquerdo ao átrio direito;

– Persistência do canal arterial (PCA): representada pela permanência de um ducto que permite o desvio de sangue da artéria aorta para a artéria pulmonar. É comum em crianças nascidas prematuramente;

– Estenose pulmonar valvar (EPV): causa obstrução na passagem de sangue do ventrículo direito para a artéria pulmonar;

– Coarctação de aorta (CoAo): representada pelo estreitamento da artéria aorta e causa hipertensão arterial sistêmica;

– Valva aórtica bicúspide: malformação muito diagnosticada que pode dar sintomas na maioria dos casos na vida adulta;

– Tetralogia de Fallot (TF): é uma causa de cianose em crianças (doença do bebê azul). Trata-se de uma associação de quatro malformações, constituídas por comunicação interventricular, estenose pulmonar, hipertrofia do ventrículo direito e dextroposição de aorta (aorta mais à direita).

A cardiologista explicou ainda que, dependendo do tipo e da repercussão da cardiopatia, as crianças com a doença em sua forma mais simples e corrigida têm boa evolução e seguem uma vida norma, sem restrições a atividades físicas.

“As cardiopatias congênitas que necessitam de mais etapas de tratamento cirúrgico e com repercussão clínica maior requerem mais cuidados, com uso de medicações e consultas médicas evolutivas. As atividades físicas  ajudam o desenvolvimento e bem estar das crianças, mas as atividades competitivas devem ser proibidas”, completa.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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