Endometriose: a doença da mulher moderna
A endometriose é hoje uma das principais causas de internação por problemas ginecológicos em países industrializados. Com o aumento no número de diagnósticos, já é considerada como uma doença da mulher moderna, mais exposta aos efeitos do estresse das grandes cidades, entre outros fatores.
No Brasil, seis milhões de mulheres são afetadas pela doença, segundo a Associação Brasileira de Endometriose.
O nome do distúrbio vem da palavra endométrio, que é a camada que reveste o útero por dentro. Todo mês, quando a mulher menstrua, pedaços dessa camada são eliminados. O problema é que, por algum motivo, parte desse endométrio vai parar fora do útero, na cavidade abdominal, causando cólicas intensas e até dificuldade para engravidar. No entanto, 10% das portadoras não sentem nada.
O ginecologista Maurício Abrão, responsável pelo setor de endometriose da Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica que é muito aceita hoje em dia a teoria de que o sistema imunológico da mulher favorece o desenvolvimento da enfermidade.
“Hoje, a mulher menstrua muito mais, engravida menos, e o organismo fica mais sujeito à ação do endométrio. O estresse do cotidiano também acomete o sistema de defesa.”
As dores chegam a ser incapacitantes em alguns casos, de acordo com o especialista. “A dor é o sintoma mais importante da endometriose. Ocorre dor na menstruação, dor na relação sexual, entre as menstruações, e também para evacuar e urinar durante a menstruação.”
A boa notícia é que, com a evolução nas ferramentas de diagnóstico por imagem, é possível identificar a doença mais precocemente. “Quanto melhor tratada, menor a chance de recorrência da doença”, diz o especialista.
O exercício físico também é importante para amenizar os sintomas. “O exercício ajuda muito porque produz endorfina, que é analgésica. Mas, acima de tudo, é importante procurar uma boa assistência médica para o diagnóstico”, completa o médico.
Maurício Abrão reforça a importância do tratamento da endometriose, considerando que a doença pode também comprometer outros órgãos da mulher.
“Além de afetar a qualidade de vida da paciente, o avanço da endometriose pode comprometer o intestino, a bexiga e o ureter.”
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo