O comprimido de cada dia…

05 de abril - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

Os medicamentos, apesar de legalizados e acessíveis, são capazes de viciar, assim como o álcool e as drogas ilícitas. A dependência de remédios é grave e pode estar associada até mesmo ao desenvolvimento do mal de Alzheimer, embora muitas pessoas ignorem os riscos.

Especial do mês: O que leva um indivíduo à dependência química?
Você sabia… Que o consumo de bebida alcoólica aumenta a vontade de comer?

Relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o tema revelou que o uso abusivo de medicamentos controlados supera o consumo somado de heroína, cocaína e ecstasy.

remédio
Foto: Shutterstock

A obrigatoriedade de receita médica para compra de determinados tipos de remédios parece não impedir, no entanto, que as substâncias sejam adquiridas. Há notícias de que o mercado negro dos medicamentos é amplo e lucrativo no mundo inteiro e oferece remédios para emagrecer, abortivos, antidepressivos e opiáceos – substâncias derivadas do ópio, normalmente usadas para dor.

Essas duas últimas classes de remédios são as que mais causam dependência, além dos medicamentos estimulantes, como a ritalina, conhecida como “a droga dos concurseiros”.

A psiquiatra Carolina Chaim, pesquisadora do Centro de Informação sobre Saúde e Álcool (CISA), explica que a possibilidade dessas substâncias – que têm tarja preta e prescrição controlada –  levarem o paciente ao vício depende de como são utilizadas.

“As substâncias têm prescrição de uso de curto a médio prazo e são eficazes nessas situações. Mas o uso a médio e longo prazo leva à dependência e faz com que o indivíduo precise de doses cada vez maiores.”

Com o uso constante, o sistema nervoso começa a se adaptar ao medicamento e a pessoa passa a aumentar progressivamente a quantidade consumida. “Em geral, quando existe um quadro de dependência, o medicamento adquire um espaço grande na vida do indivíduo”, diz a psiquiatra.

O abuso dos remédios, de acordo com a médica, acarreta uma série de problemas, como redução da memória, por exemplo.

“Estudos já associam a dependência de remédios com Alzheimer. Além disso, em idosos, esse uso está associado a quedas, que causam complicações. Em outros casos, pessoas que têm função hepática já prejudicada podem não conseguir metabolizar medicamentos e eles também podem interagir com outras substâncias e prejudicar o tratamento de outras doenças.”

Um problema comum entre os dependentes é a associação desses remédios ao álcool, o que pode ser muito perigoso. “A junção com álcool é perigosa, pode rebaixar a consciência do indivíduo e levá-lo a um quadro psiquiátrico grave, de ansiedade e depressão”, afirma Carolina.

Quem enfrenta dependência de remédios precisa procurar atendimento psiquiátrico para conseguir se libertar do vício.

“Existe todo um protocolo da psiquiatria para tratar casos desse tipo. Se a medicação for interrompida de uma vez, o quadro de abstinência pode ser grave. Nesses casos, os médicos até usam outro tipo de medicamento que não cause dependência para tratar o paciente. Além disso, como todo transtorno de dependência, o atendimento psicológico é importante para estimular o individuo a deixar o vício, a fazê-lo entender quais as perdas que ele pode ter em função disso.”

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

Compartilhe:

Dúvidas?
Envie sua pergunta para o

RESPONDE

acesse

Notícias Relacionadas: