Fique de olho às mudanças no calendário de vacinação
Com o objetivo de aumentar a imunização para seis vacinas que já estavam presentes no calendário, a carteira de vacinação da rede pública sofreu alterações em 2017.
As mudanças abrangem a imunização para tríplice viral, tetra viral, dTpa adulto, HPV, meningocócica C e hepatite A.
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Com isso, além de aumentar a proteção às crianças e adolescentes, o novo calendário tenta também manter erradicadas algumas doenças entre os adultos, como sarampo e rubéola, e evitar novos casos de caxumba e coqueluche.
“Essas mudanças no calendário de vacinação são recorrentes e assim devem permanecer, pois o ideal é que a imunização acompanhe as necessidades da população e seja ágil no sentido de prevenir doenças e manter sob controle aquelas que já foram erradicadas”, explica Maria Zilda de Aquino, infectologista pediátrica e responsável técnica pelo Centro de Imunizações do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
As vacinas são consideradas um marco na saúde preventiva e salvam milhares de vidas todos os anos, principalmente de crianças, que são mais suscetíveis aos efeitos de muitas doenças.
Com o avanço da medicina, enfermidades que podem parecer banais, como o sarampo, podem deixar sequelas graves, como a cegueira.
“A vacinação é uma das coisas mais importantes quando falamos de saúde pública e funciona muito bem no Brasil. Quando não consegue prevenir a doença, faz com que a mesma venha com menos intensidade, apresentando menor risco e melhor recuperação do paciente”, explica a especialista.
O calendário de vacinação de cada país é definido de acordo com as necessidades locais, sendo algumas doses aplicadas mais precocemente e em maior número. A imunização faz com que a criança crie maior resistência para lidar com adversidades como falta de saneamento básico, alimentação desequilibrada, invernos rigorosos ou ainda com focos da doença.
Algumas vacinas, como a de febre amarela, só são recomendadas para pessoas que vivem em regiões endêmicas ou viajarão para esses lugares, como é o caso no Brasil para quem vai para a região amazônica.
Atualmente, são oferecidas no sistema público 19 vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que combatem cerca de 20 doenças.
“Hoje, o calendário de vacinação pública é muito similar ao que é oferecido na rede privada –quando falamos em grandes centros urbanos, como São Paulo–, estando bastante avançado e ofertando grande parte das vacinas necessárias”, conclui Maria.
O que muda:
dTpa adulto (difteria, tétano e coqueluche acelular)
Antes: era aplicada entre a 27ª e 36ª semana de gestação, a cada gravidez. O objetivo é que os bebês já nasçam protegidos contra a coqueluche, pelos anticorpos que recebem da mãe, e tenham menor risco de contrair a doença até que tomem a vacina pentavalente com 6 meses de idade.
Hoje: a vacina passa a ser dada a partir da 20ª semana de gestação. No caso de a mulher não ter tomado a vacina na gravidez deve receber a dose até 40 dias após o parto.
Hepatite
Antes: a vacina era dada apenas até os 2 anos.
Agora: será oferecida para crianças até 5 anos (no caso de a criança não ter tomado).
HPV
Antes: a vacina, que começou a ser disponibilizada em 2014, era ofertada apenas para meninas de 9 a 13 anos.
Agora: os meninos de 12 e 13 também serão imunizados e foi ampliada para meninas de até 14 anos.
Em 2017, a vacina também passa a ser oferecida a homens de 9 a 26 anos com HIV e Aids e para imunodeprimidos, como transplantados e pacientes oncológicos.
Meningocócica C
Antes: a criança era vacinada até no máximo 2 anos.
Agora: adolescentes de 12 e 13 anos passam a ter reforço da vacina. A faixa etária será ampliada, de forma gradativa, até 2020, quando serão incluídas crianças de 9 a 13 anos.
Tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)
Antes: a vacina era realizada em crianças de 15 meses e menores de 2 anos.
Agora: será ampliado o período de vacinação, que passa a ser realizado entre 15 meses até 4 anos.
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
Antes: a segunda dose era oferecida apenas para pessoas com até 19 anos.
Agora: será iniciada a segunda dose da vacina para pessoas de 20 a 29 anos. A mudança ocorreu principalmente por conta dos surtos de caxumba e coqueluche que ocorreram no país nos últimos anos.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo