Café reduz em até 26% risco de câncer colorretal, diz pesquisa

25 de maio - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

Patrocínio: Café 3 Corações

Puro. Com leite. Com creme. Com ou sem açúcar. Em cápsulas. Coado. Ao acordar. Após o almoço. Logo antes de dormir. São muitos os jeitos e os hábitos dos brasileiros quando o assunto é café. Atualmente, o Brasil é o segundo maior consumidor global de café, atrás apenas dos Estados Unidos. São, em média, 81 litros de café por ano consumidos por cada brasileiro. Ainda não acha muito? Pois saiba que a única bebida a superar o café no consumo diário dos brasileiros é a água. Quanto ao restante, o café está à frente, inclusive, da cerveja, do refrigerante e do suco, segundo dados de pesquisa recente realizada pela ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café), em parceria com o Consórcio Pesquisa Café, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Os benefícios da bebida-símbolo do Brasil
Pesquisa indica que café não faz mal ao coração
Chá x Café

Apesar disso, são poucas as pessoas e entidades que buscam pesquisar os benefícios e os reais efeitos do café no corpo humano. O resultado deste cenário é uma população que, muitas vezes, deixa se orientar por mitos e informações falsas relacionadas ao consumo do grão. Uma das principais “lendas” relacionadas ao café é simplória ao apontar que a bebida não traz qualquer benefício às pessoas, a não ser uma maior disposição logo após seu consumo.

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

Não é verdade. Pesquisas recentes têm evidenciado os benefícios do café frente a diversas doenças e condições clínicas. O principal problema desses levantamentos, no entanto, era justamente determinar a quantidade aceitável de consumo, bem como diferenciar o café da cafeína, substância que compõe majoritariamente a bebida.

Para esclarecer esse tipo de dúvidas e certificar os resultados apresentados por diversas pesquisas anunciadas globalmente, foi criado em 2016 o Núcleo Café e Saúde, um grupo de estudo e pesquisa composto por médicos de diversas especialidades, pesquisadores e representantes da cadeia produtiva. A parte médica fica a cargo de profissionais do InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da FMUSP e busca certificar junto à população os reais efeitos do café no organismo humano.

Café e câncer colorretal

Uma das últimas pesquisas internacionais a respeito do café a chamar a atenção do Núcleo brasileiro provém da Universidade do Sul da Califórnia (USC). Pesquisadores da instituição norte-americana afirmaram que o consumo de café reduz em até 26% o risco de câncer colorretal. Para chegar a tal conclusão, o estudo considerou cerca de 5,1 mil homens e mulheres diagnosticados com a doença nos últimos seis meses, e quatro mil voluntários sem histórico da enfermidade.

Os pesquisadores apontaram que a cafeína atua como antioxidante, o que limita o potencial de crescimento de células do câncer colorretal. Ao se isolar outros fatores de risco da doença, chegou-se à conclusão de que o consumo de uma a duas xícaras de café por dia pode reduzir em até 26% o risco de desenvolver este tipo de câncer. O índice aumenta para 50% quando se leva em consideração o consumo superior a 2,5 xícaras diárias da bebida.

Para Miguel Moretti, cardiologista e pesquisador do Centro de Pesquisa Café Coração do InCor, unidade anterior à criação do interdisciplinar Núcleo Café e Saúde, diversos estudos recentes têm comprovado, de fato, os benefícios do consumo de café em relação à redução do risco de diversos tipos de câncer.

“Existe um estudo publicado em 2005, no Japão, que mostrou que pacientes que tomavam café diariamente tiveram menor risco de carcinoma hepatocelular, ou seja, câncer de fígado. Outro estudo publicado em 2006, no Journal National Cancer Institute, mostrou uma relação de redução de câncer de colo e câncer retal em pessoas que tomavam mais de cinco xícaras de café por dia. Outro estudo de 2008 revelou a redução do risco de câncer de mama. Foram 22 anos de acompanhamento de um grupo de mulheres, mostrando que o consumo habitual de café teve um efeito protetor de câncer de mama, principalmente nas mulheres em período pós-menopausa”, explica o especialista.

Moretti explica ainda que o café tem se revelado benéfico também no tratamento de diversas doenças, como depressão e os males de Parkinson e Alzheimer. O consumo da bebida também reduz a calcificação coronariana, diminuindo os fatores de risco para doenças coronárias. Reduz, portanto, a incidência de infarto agudo do miocárdio em homens e mulheres.

Recomendações

Moretti ressalta a importância da realização de pesquisas a respeito dos benefícios do café justamente para ajudar a desmistificar algumas histórias ligadas ao produto.

Não é verdade, por exemplo, que o consumo de café deve ser proibido para crianças e idosos.

“O consumo de cafeína deve ser, no máximo, de 400 a 500 mg por dia para adulto e cerca de metade para crianças com menos de 10 anos. Em xícaras, daria cerca de 4 doses de 150 ml para adulto e cerca de 4 doses de 50 ml para crianças abaixo de 10 anos e entre 10 anos e adulto um intermédio de 300 ml. Mas lembre-se que vai depender de quanto de café é colocado e do tipo”, completa.

Ainda que as pesquisas contribuam para derrubar a imagem do café como “vilão” ou “mocinho” simplesmente, o especialista chama a atenção para as dificuldades relacionadas ao estudo dos efeitos da bebida.

“É difícil realizar esse tipo de estudo porque temos muitas variáveis. Se está falando de café ou cafeína, por exemplo? Você tem estudos onde as concentrações de cafeína e as doses de café são muito diferentes. Fica difícil estabelecer um estudo no qual você entrega para a pessoa o café como única fonte de cafeína, por exemplo. A unidade Café e Coração do InCor foi criada justamente para confirmar esses estudos, testar novas hipóteses e tentar criar um parâmetro”, afirma.

Por fim, é preciso lembrar, conforme ressalta o próprio cardiologista, que a cafeína não é encontrada apenas no café. Quando se pensa em uma recomendação diária, é necessário considerar a presença da substância em chás, produtos a base de cola, guaraná e também de cacau. Fato é que os estudos apenas têm confirmado os diversos benefícios do consumo do café no cotidiano. O exagero, obviamente, trará prejuízos, assim como no consumo de diversos outros produtos que sequer são mistificados pela população em geral.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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