Idosos e quedas: uma relação que pede zelo

10 de julho - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

Para todo mundo que vive com um idoso (ou cuida ou está próximo de pais, mães, tios e avós), a preocupação com a saúde é uma constante. Muito se fala de estar atento ao coração, de checar o risco da diabetes ou mesmo de observar doenças como Parkinson e Alzheimer. Mas um fator crítico precisa ser ainda mais notado: a queda. Até porque, um tombo depois dos 65 anos pode agravar diversos outros quadros clínicos.

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O problema é que a queda é um evento tão devastador quanto comum no caso dos idosos. Não é uma consequência inevitável ao envelhecer, mas pode sinalizar o início de uma fragilidade no indivíduo e mesmo indicar algo mais sério. A partir de uma queda, o custo médico é sempre lembrado – mas o custo psicológico é um fator igualmente grave, pois muitos velhinhos, mesmo após a recuperação, ficam com medo de se movimentar e acabam restringindo suas vidas.

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

“Essa já deve ser uma preocupação após os 60 anos, mas fica bastante difícil após os 80”, diz o médico geriatra do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, em São Paulo, Luiz Eugênio Garcez Leme.

O Ministério da Saúde estima que as quedas ocorram em cerca de um terço dos indivíduos com mais de 65 anos – e que 1 em cada 20 daqueles que sofrem uma queda tenham fratura ou necessitem de internação. Dentre os mais idosos, acima dos 80 anos, 40% caem a cada ano. Para os que moram em asilos e casas de repouso, o número aumenta ainda mais: a frequência de quedas é de 60% (já que essas pessoas, normalmente, já estão morando em locais assim por terem dificuldades de locomoção).

“Adaptações em residências podem ser uma boa medida, mas é também o caso de pensar nas causas de uma queda que já ocorreu para que não voltem a acontecer.”

O geriatra explica que as quedas podem acontecer por causas de estrutura, como má iluminação da casa, pisos desnivelados ou escadas, mas também por causas intrínsecas: problemas com a visão da pessoa, como a catarata, labirintite ou mesmo dificuldades de movimentação por dores nas articulações.

O especialista indica que a junção dos fatores internos e externos pode vir a causar ainda mais quedas – e que, feitas as adaptações com corrimãos, apoios e outros itens, é bom “treinar” aquele que irá usá-las para que ele se sinta confiante.

O uso de medicamentos (ou ainda a associação do uso de várias medicações) também pode aumentar o risco de quedas no idoso. Alterações no nível de consciência, da frequência cardíaca ou pressão arterial, sonolência excessiva e tontura são efeitos adversos de certos remédios, elevando a necessidade de observar os mais velhos. Médicos precisam ser consultados sobre isso também.

O “inimigo”, infelizmente, às vezes está mesmo próximo. Pesquisas mostram que 70% das quedas de idosos acontecem dentro de suas casas. Mesmo idosos saudáveis estão sujeitos a tapetes soltos nos pisos, banheiros escorregadios, à presença de móveis que precisam ser desviados ao transitar, a animais de estimação que correm próximos aos donos – e ainda aqueles problemas de julgamento, quando eles decidem, por exemplo, subir em escadinhas e cadeiras para alcançar objetos no alto.

É claro que chegar à terceira idade sendo uma pessoa que pratica exercícios ajuda bastante. Mas precisa ser um hábito.

“Se a atividade física vem sendo mantida há anos, sim, ajuda, pois ela melhora o conteúdo muscular da pessoa. Se, no entanto, era alguém que praticava esportes há muitos anos, mas parou, então nem sempre haverá ganho na idade avançada”, lembra o médico.

E completa: “O que ajuda muitos os idosos é uma atividade leve e que estimule a concentração, como praticar tai chi chuan, por exemplo”. Com muitos cuidados, uma boa dose de prevenção e hábitos saudáveis assim, a velhice pode muito bem chegar sem tirar o chão de ninguém.

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Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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