Entenda o porquê de uma boa alimentação proteger contra o câncer

13 de outubro - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

Por Eli Pereira

Muito se fala sobre a alimentação saudável proteger contra câncer. Mas, afinal, quais são os poderes desses alimentos para evitar a mutação e multiplicação errada de células, a principal característica de um câncer? Para uma célula se cancerizar, há muitos fatores envolvidos, mas os alimentos podem, sim, ser ótimos aliados na prevenção.

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Você sabia… Que pode reduzir o risco de ter um câncer?

O oncologista Davi Liu, da Clínica Fares, explica que existem causas do câncer que independem do estilo de vida da pessoa, como genética, hereditariedade e, no caso do câncer de mama, ser mulher já é um fator de risco. No entanto, ele ressalta que o sedentarismo e a obesidade são dois fatores diretamente relacionados ao desenvolvimento da doença.

“Certamente quem come mal vai ter mais chance de desenvolver câncer”, explica.

Salada de folhas verdes com pera - Foto: Malu Lobo
Salada de folhas verdes com pera – Foto: Malu Lobo

E até mesmo em casos genéticos, Liu conta que uma boa alimentação pode ser protetora. “Existem genes ativadores do câncer. O ambiente em que se vive pode ou não ativar genes que causam tumores ao longo da vida.”

Além disso, ele explica que a alimentação correta também protege contra outras doenças, como hipertensão, colesterol alto, diabetes e outros problemas cardiovasculares. Ou seja, quem se protege contra o câncer também é mais saudável em outras partes da vida.

De acordo com o nutrólogo Roberto Navarro, a ciência hoje tem um olhar voltado aos padrões alimentares.

“Analisaram durante décadas as estatísticas de doenças de uma região, como câncer, doenças cardíacas e degenerativas, e aí se descobriu que uma alimentação mais rica em antioxidantes, gorduras boas e fibras têm uma correlação com menor incidência de determinados tipos de câncer”, explica.

Mas afinal, o que provoca as mutações?

Navarro explica que existe um mecanismo dentro das nossas células onde está o DNA. “O DNA é uma ‘fabriqueta’ dentro das células, que carrega todas as informações que ela precisa para se auto multiplicar. Toda vez que uma célula velha se divide para formar uma nova, o DNA vai junto. O corpo faz uma cópia do DNA para reproduzir uma nova célula, e assim acontece durante toda a vida”, explica.

Pelo fato de toda célula precisar se dividir em duas antes de morrer, todo o código genético vai para a célula nova, a cópia. E é aí que pode morar o problema.

“Há evidências que na hora de tirar a cópia do DNA e formar uma nova célula, existem fatores que fazem com que ela seja copiada errada e sofra alteração na sequência do DNA, de modo com que ela seja reestruturada errada. Isso é a mutação que causa o câncer”, explica Navarro.

Com as agressões do dia a dia, seja por alimentação errada ou exposição a agentes tóxicos, o organismo luta para evitar as mutações e lança mão de vários mecanismos para proteger o DNA.

Letícia Fontes, nutróloga da Clínica MEI, explica que é fato que uma alimentação muito rica em produtos industrializados, com muitos conservantes, corantes e açúcar refinado pode predispor ao câncer.

Fígado guerreiro

Quando uma toxina potencialmente cancerígena cai no sangue, o corpo tenta anular essa ação.

“O fígado tem capacidade de absorver e modificar a estrutura física dessa substância e fazer com que ela volte para o sangue de forma a ser excretada. Porém, para o fígado fazer esse trabalho, ele precisa de nutrientes.”

E é da alimentação que vem o combustível para esse órgão vital trabalhar. As vitaminas A, C e E são essenciais nesse processo. “Há também os compostos sulfidrílicos ou enxofrados, que são fundamentais para detoxificar, como cebola, alho, brócolis, couve flor, couve manteiga. É por isso que o suco verde passou a fazer sucesso”, explica o nutrólogo.

Quando o fígado não dá conta de mandar todas as substâncias tóxicas embora e elas caem no sangue, é a vez dos antioxidantes entrarem em cena.

Antioxidantes faxineiros

Superpoderosos, eles são realmente eficazes ao evitar mutações. “Os antioxidantes diminuem o ataque dos radicais livres, que são as substâncias formadas dentro das células e que têm o poder de atacar o DNA, podendo favorecer as mutações”, explica Navarro.

Há um aumento desses radicais livres quando o organismo é exposto a agentes tóxicos. Neles estão inclusos o cigarro, as químicas ambientais, os agrotóxicos e até o excesso de sol. Além disso, uma dieta rica em açúcar e gordura animal aumenta a chance de produção de radicais livres. “Quem faz uma alimentação melhor e com alimentos mais naturais, tem risco menor.”

São as especiarias que estão no topo da lista de alimentos com mais antioxidantes. O cravo-da-índia, por exemplo, foi o campeão, seguido da cúrcuma, orégano, cominho, canela, entre outros.

“Essas especiarias têm compostos bioativos, que têm poder antioxidante muito maior do que as vitaminas”, explica Navarro.

As vitaminas e outros compostos excelentes para proteger as células dos radicais livres são vitamina A, C e E, zinco, cobre e selênio.

“São os mais potentes antioxidantes, então todos os alimentos fontes deles traz uma boa proteção”, recomenda o nutrólogo.

Compostos bioativos que protegem o intestino

Os flavonoides e polifenóis, que são classificados como compostos bioativos por não se enquadrarem como vitaminas ou minerais, são encontrados principalmente nos vegetais.

“As substâncias que dão cor aos alimentos, como a antocianina, o licopeno – que é o que dá a cor mais avermelhada aos alimentos”, conta. Nesse grupo também entra o resveratrol, composto tão famoso presente no vinho, nas uvas e no mirtillo.

Além de antioxidante, Navarro explica que há evidências de que alguns compostos bioativos vão impedir a absorção de substâncias tóxicas (e potencialmente cancerígenas) pelo intestino.

“O resveratrol, por exemplo, diminui um pouco a absorção de metais pesados, impedindo que entre tanto no corpo.” A uva roxa – tanto a casca quanto a polpa – é rica nesse composto.

Queijos envelhecidos, cogumelos, nozes e algumas leguminosa (como ervilha, lentilha e grão-de-bico) contêm um composto bioativo chamado espermidina. “Essa substância ajuda o fígado a excretar toxinas”, diz Navarro.

Ademais, o chá verde carrega polifenóis, que são excelentes antioxidantes. “Parece que tem correlação com menor taxa de câncer de estômago”, explica o nutrólogo.

Fibras do bem

As fibras também têm um ótimo papel na proteção contra o câncer. “A fibra dos vegetais prende um pouquinho os produtos tóxicos que estão no intestino e impede um pouco a absorção dessa toxina”, explica Navarro.

“A fibra fica na frente da mucosa intestinal, diminuindo o contato da toxina com a mucosa”, explica. Com isso, o fígado tem de lidar com menos produtos tóxicos, e a chance de anular o efeito deles, por ser em menor quantidade, é maior.

A nutróloga Letícia Fontes explica que uma alimentação saudável é fundamental.

“É um equilíbrio entre alimentação e estilo de vida. Não dá para viver com essa neura, de que não pode comer isso ou aquilo porque vai dar câncer. Não é bem assim. Um alimento específico, quando consumido uma vez só, não vai causar câncer. O descuido, a falta de alimentação boa sim, a longo prazo, pode provocar a doença”, conclui.

Veja algumas receitas da culinarista Malu Lobo que contam com ingredientes protetores contra câncer:

Ragu de frango com polenta cremosa low carb

Polenta low carb com ragu de frango - Foto: Malu Lobo
Polenta low carb com ragu de frango – Foto: Malu Lobo

Para o ragu:

– 1/2 kg de filé de frango
– 1 colher sopa alho picado
– 1 cebola grande picada
– 1/2 talo de salsão picado
– 6 tomates sem pele e sem sementes ou 1 lata de tomate pelado
– 2 colheres sopa extrato de tomate
– 1/2 xícara de água
– 1 folha de louro
– Salsinha e cebolinha
– 1 folha de louro
– Orégano a gosto

Limpe o frango, retirando a pele e gorduras aparentes. Na panela de pressão, doure os pedaços de frango. Quando estiverem dourados, coloque a cebola, o salsão e o alho e doure. Adicione o extrato de tomate, deixe dourar e adicione o vinho, deixando evaporar. Em seguida, adicione o tomate picado, o louro e o orégano. Cozinhe por 20-25 minutos e sirva com a polenta.

Polenta cremosa de grão de bico

– 1 xícara de farinha de grão de bico
– 2 xícaras de água ou caldo
– 1 xícara de água ou caldo para “hidratar” a farinha
– 1 colher chá cúrcuma
– 2 colheres cebola bem picada
– 1 dente de alho amassado
– Sal marinho
– Azeite de oliva
– Queijo mozarela light

Adicione a água ou caldo e hidrate a farinha de grão de bico. Em uma panela, doure a cebola e o alho, adicione a farinha hidratada e a água/caldo, mexendo sem parar até engrossar e começar a soltar do fundo. Se quiser mais cremosa, adicione água fervente aos poucos até obter a textura desejada. Para polenta de corte, coloque em um refratário e leve à geladeira. Deixe esfriar e corte em palitos grossos. Grelhe na frigideira.

Rendimento: 6 porções

Quinoa festiva

Quinoa festiva - Foto: Malu Lobo
Quinoa festiva – Foto: Malu Lobo

– 2 xícaras de ️quinoa em grãos
– Água quente
– 1 ovo batido
– ½ talo de ️alho poro em cubos
– ½ pimentão amarelo em cubos
– 1 cebola roxa em cubos
– Cebolinha a vontade
– 2 colheres sopa nozes picadas
– Sal marinho o quanto baste
– Pimenta do reino
– Azeite de oliva

Lave bem os grãos de ️quinoa e escorra. Coloque em uma panela e cubra com água. Adicione sal, se preferir, e cozinhe de 8 a 10 minutos ou até ficar al dente. Reserve. Enquanto a ️quinoa cozinha, corte todos os outros ingredientes, pique as nozes e coloque em uma assadeira, regando com azeite, sal e pimenta do reino, e leve ao forno por 10 minutos a uma temperatura de 180º.

Bata o ovo com uma pitada de sal. Unte uma panela e coloque o ovo, dourando dos dois lados, como uma panqueca. Corte em tiras finas.

Misture a ️quinoa com os legumes assados, nozes, ovo em tiras, acerte o sal e coloque bastante cebolinha. Sirva a seguir.

Rendimento: 6 porções

Salada de folhas verdes com pera

– Mix de folhas verdes de sua preferência (alface crespa, lisa, rúcula, agrião)
– Folhas de manjericão a gosto
– 1 pera fatiada fina com casca
– 3 golden berry (physalis) em cubos (opcional)
– Nozes picadas a gosto

Higienize as folhas, fatie a pera e a golden berry, pique as nozes e disponha tudo em uma saladeira.

Para o vinagrete de manga e chia

– ½ manga madura em cubos pequenos
– ½ colher sopa mostarda dijon
– Sumo de limão a gosto
– ½ colher açúcar de coco ou mascavo
– 4 colheres sopa azeite de oliva extra virgem
– Sal marinho a gosto
– 1 colher sopa cheia semente de chia
– 1 colher sopa cebola roxa bem picada

Em uma travessa, misture os ingredientes, separando 1 colher de manga em cubos. Com um mix de mão, dê algumas pulsadas para bater o molho ou deixar mais cremoso. Ao final, acrescente os cubos reservados da manga e acerte o sal.

Crumble de maçã, nozes e canela 

Crumble de maçã com crocante de aveia e nozes - Foto: Malu Lobo
Crumble de maçã com crocante de aveia e nozes – Foto: Malu Lobo

– 1 maçã grande picada com casca em cubos pequenos
– 1 e ½  xícara de granola sem açúcar e sem glúten
– ½ xícara de nozes picadas
– 1 clara de ovo batida com garfo (ou use 2 colheres linhaça hidratada em água)
– ½ xícara de leite em pó desnatado (ou sem lactose)
– ½ xícara de banana picada
– 3 colheres sopa de xylitol ou açúcar de coco
– Gotas de essência de baunilha
– Canela em pó
– 1 e ½ colher de sopa óleo de coco

Pré-aqueça o forno 180ºC. Em uma tigela, misture a maçã em cubos, as 2 colheres de adoçante, a clara de ovo, o leite em pó, a banana amassada e a baunilha.

Coloque em uma forma não muito funda, preenchendo todo o fundo. Misture a granola e as nozes com o adoçante e o óleo de coco e faça uma crosta em cima do creme de maçã. Polvilhe a canela e leve ao forno de 20-25 minutos ou até dourar. Rendimento: 6 porções

Chá gelado de alecrim, chá verde e maçã

Chá gelado de alecrim - Foto: Luís Padovan
Chá gelado de alecrim – Foto: Luís Padovan

– ½ colher sopa chá verde
– ½ colher chá gengibre ralado
– 3 folhinhas de alecrim
– 200 ml de água
– ½ maçã sem sementes em cubos

Aquecer a água até quase ferver. Desligar e colocar o chá verde, o gengibre, o alecrim e a maçã. Abafar por 5 minutos. Coar e levar à geladeira para gelar.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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