Casos de dengue diminuem em 84,8% no Brasil em 2017
Considerada um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, a dengue é uma doença infecciosa transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que põe seus ovos em água parada e limpa, e aproveita a época das chuvas para se reproduzir.
No Dia Nacional de Combate à Dengue, celebrado no penúltimo sábado do mês de novembro, o site Coração & Vida faz um alerta para que a população não descuide dos criadouros.
A dica é sempre adotar hábitos como armazenar lixo em sacos plásticos fechados, manter a caixa d’água vedada e não deixar água acumulada em calhas.
Também é importante encher com areia os pratinhos dos vasos de plantas e tratar a água de piscinas e espelhos d’água com cloro. Outras medidas, como uso de repelentes, também são recomendadas.
Segundo dados do Ministério da Saúde, até 2 de setembro de 2017, foram notificados 219.040 casos prováveis de dengue em todo o país, uma redução de 84,8% em relação ao mesmo período de 2016 (1.442.208).
Com relação ao número de óbitos, também houve queda significativa (87%), reduzindo de 678 óbitos em 2016 para 88 em 2017.
A dengue pode provocar infecções mais leves, como febre, dores de cabeça, musculares, náuseas e vômitos, e até evoluir para situações mais graves, quando a pessoa apresenta sangramentos, queda de pressão arterial e insuficiência respiratória, podendo levar à morte.
Não existe remédio específico para tratar a dengue. Quem for infectado pelo mosquito deve fazer repouso e evitar a desidratação, tomando muito líquido e se alimentando de forma saudável.
Medicamentos como ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios podem aumentar complicações hemorrágicas, principalmente em caso de dengue. Por isso, ao apresentar os sintomas, a pessoa não deve se automedicar.
Dengue hemorrágica
A dengue hemorrágica acontece quando a pessoa infectada com o vírus da dengue sofre alterações na coagulação sanguínea. .
Os sintomas iniciais são parecidos com os da dengue clássica. No entanto, após o terceiro ou quarto dia, surgem hemorragias causadas pelo sangramento de pequenos vasos da pele e outros órgãos.
Na dengue hemorrágica, ocorre uma queda na pressão arterial do paciente, podendo gerar tonturas e quedas da própria altura.
Vale lembrar que dengue, zika e chikungunya são três infecções transmitidas pelos mesmos vetores, os mosquitos Aedes aegypti e o Aedes albopictus. As três doenças possuem sintomas parecidos, mas algumas características podem ajudar a diferenciá-las.
Distúrbios circulatórios
O cardiologista Roberto Kalil Filho afirma que o vírus da dengue pode provocar distúrbios circulatórios. “A circulação fica comprometida, assim como a irrigação do coração, o que pode levar ao infarto agudo”, explica.
Apesar de relativamente raro, o problema pode ocorrer na fase aguda da dengue e causar diminuição da função ventricular, ou seja, queda da capacidade de o coração se contrair.
Kalil destaca que, além do quadro clássico de febre, mal-estar, dor no corpo e fraqueza, a dengue também pode provocar aumento das enzimas hepáticas, queda das plaquetas (plaquetopenia) e inflamação no músculo cardíaco (miocardite).
Segundo o cardiologista, o quadro cardíaco causado pela dengue pode provocar sintomas de dores no peito, arritmias, alterações de eletrocardiograma e elevação das enzimas cardíacas, situação semelhante ao quadro de infarto.
Em muitos casos, porém, a manifestação é tão pouco sintomática que passa despercebida. Sendo assim, é fundamental que o próprio paciente fique atento a esses sinais.
Outro fator que torna esse sintoma especialmente preocupante no Brasil é que muitas vezes ela acomete pacientes de idade mais avançada, já com cardiopatia e, possivelmente, em uso de medicamentos que interferem na coagulação sanguínea.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo