Cigarro está relacionado ao câncer de cabeça e pescoço em 80% dos casos, aponta estudo
Levantamento recente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), centro especializado ligado a Faculdade de Medicina da USP, aponta que oito em cada 10 pacientes diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço são ou já foram fumantes.
O consumo excessivo de álcool, denominado etilismo, também tem relação com o desenvolvimento de tumores na região, representando 50% do público em atendimento no hospital oncológico.
O câncer de cabeça e pescoço compreende os tumores localizados na boca, faringe, laringe, glândulas salivares, cavidade nasal e da tireoide.
Outro fator de risco associado a esse tipo de câncer é a infecção pelo vírus do HPV (papilomavírus humano), transmitidos por sexo oral. Apesar de menos comum, o risco existe e o uso do preservativo, como medida de prevenção, é importante e deve ser levado em conta.
Os principais sintomas podem ser diagnosticados pelo dentista ou agente de saúde, além do médico. Nódulos no pescoço, mudança na voz, rouquidão que não melhora, dificuldade para engolir, manchas avermelhadas ou brancas na boca, aftas persistentes e lesões nos lábios que não cicatrizam são sinais de alerta.
Para o cirurgião Marco Aurélio Kulcsar, coordenador do serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Icesp, é fundamental procurar uma avaliação médica se qualquer um desses sinais persistirem por mais de 15 dias. “Quanto antes o paciente for diagnosticado, maiores são as chances de cura e qualidade de vida após o tratamento”, ressalta.
O prognóstico dos tumores de cabeça e pescoço varia conforme seu estadiamento, ou seja, o grau que determina o avanço do câncer no paciente. Quando o diagnóstico é breve, as estatísitcas são animadoras: as chances de cura chegam a 90%. “Nos casos precoces, podemos falar em cura ao redor de 70 a 90%, já nos tumores maiores, com estadio avançado, a sobrevida cai para ao redor de 30 a 50%”, explica Kulcsar.
No Instituto do Câncer, em São Paulo, cerca de 60% dos pacientes em tratamento estão entre 51 e 70 anos. Mais comum no público masculino estão os tumores de boca e laringe. Já entre as mulheres, tieróide é o principal.
Julho Verde
As estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam 40 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil, a cada ano. Em algumas regiões do país, o câncer de boca é o terceiro mais prevalente.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), o diagnóstico tardio ocorre em 60% dos casos (no país), o que resulta em implicações para o paciente.
O mês de julho, “Julho Verde”, é destinado à conscientização e combate a esse tipo de tumor. Nacionalmente, a campanha tem tom educativo e visa reforçar a importância do autocuidado e a prevenção como aliada à saúde.
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Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo