Diurético hidroclorotiazida para pressão alta pode aumentar risco de câncer de pele

06 de dezembro - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

Nesta terça-feira (4), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma nota informando que a hidroclorotiazida, um dos diuréticos mais populares no País, pode aumentar o risco de câncer de pele não-melanoma e câncer de lábio. O medicamento é amplamente prescrito no Brasil para controle da hipertensão arterial e de inchaços.

A descoberta desse risco foi feita por meio de estudos epidemiológicos que mostraram a associação entre o uso de longo prazo do composto com o aumento do risco de câncer. A Anvisa, então, recomenda que os médicos informem aos pacientes sobre esse risco, e que os pacientes verifiquem com regularidade a própria pele em busca de novas lesões e avisem imediatamente um médico sobre quaisquer lesões cutâneas consideradas suspeitas. Veja aqui como identificar se uma pinta é benigna ou maligna. 

Medicamento diurético frequentemente usado no tratamento da pressão alta pode aumentar risco de câncer de pele não-melanoma - Foto: Creative Commons (CCO)
Medicamento diurético frequentemente usado no tratamento da pressão alta pode aumentar risco de câncer de pele não-melanoma – Foto: Creative Commons (CCO)

Não pare de tomar o medicamento sem aval do médico

No entanto, apesar do alerta da Anvisa, é importante lembrar que não se deve suspender o medicamento sem o conhecimento e autorização do médico, pois os problemas de saúde que o medicamento trata são relacionados à hipertensão arterial, que é um fator de risco cardiovascular e parar de tomar subitamente pode resultar inclusive em eventos cardiovasculares graves, como infarto, AVC ou problemas renais.

Juntamente com o paciente, o médico saberá avaliar os riscos e benefícios de continuar – ou não – com o medicamento. E, se a decisão for suspender a hidroclorotiazida, o profissional prescreverá outro composto que possa substituir a ação desse diurético.

Toda medicação pode apresentar efeitos adversos

De acordo com o cardiologista Prof. Dr. Max Grinberg, é importante consultar o médico caso faça uso do medicamento, e que a constatação de dano  mostra que qualquer medicamento pode provocar algum tipo de efeito adverso.

“Há os danos que são mais costumeiros e que dependem muito de cada pessoa, como alergias ou mesmo dor de estômago. Há aqueles em que os efeitos adversos são frequentes, mas o benefício supera, como por exemplo, a queda de cabelo numa quimioterapia para câncer. E há aqueles que só vão ser identificados com mais precisão após o uso generalizado e prolongado”, explica o cardiologista.

Dr. Grinberg comenta que essa última situação representa que, durante as pesquisas clínicas, esse risco não chamou a atenção e não adquiriu critério para impedir a validação pelos órgãos governamentais.

“Mas depois, na chamada fase de mercado, quando cresce a população de quem usa, inclusive tipos de pacientes que foram excluídos das pesquisas, as chances de apresentar efeitos adversos cresce. Pode ser imediato, ou pode demorar, pois depende de uma coleção de registros e análise cuidadosa. Foi o que aconteceu com o informado pela Anvisa”, detalha.

Anvisa cumpre seu papel ao fazer o alerta

Na opinião do cardiologista, a Anvisa cumpre o seu papel de vigilante da população e a lição de alerta é clara. “É preciso evitar a medicamentalização da vida, ou seja, desejar que um comprimido resolva uma série de problemas pessoais que poderiam ser cuidados de forma melhor com mudanças de hábitos, por exemplo”, diz.

No caso da hipertensão arterial, a redução do sal e industrializados na alimentação, bem como a prática de atividade física pode ajudar a reduzir a pressão alta.

Dr. Grinberg recomenda evitar a automedicação, ou seja, não se deve tomar nenhum medicamento sem ter sido prescrito pelo médico, só porque aquele remédio foi bom para o vizinho. “Receita de medicamento é como escova de dente: cada um tem a sua”, finaliza.

Leia também: Veja 6 dicas para prevenir a pressão alta

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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