Dengue: incidência da doença aumenta mais de 400% no país
Um dos maiores desafios da saúde pública no Brasil é o combate ao Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika. De acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados 713.389 casos prováveis das três doenças no país nos primeiros quatro meses de 2019, o que representa um aumento de 282% em relação ao mesmo período de 2018. Só de dengue foram 675 mil casos, contra 134 mil no ano passado. As três arboviroses – como são identificadas as doenças causadas por vírus transmitidos por picadas de insetos – têm sintomas muito parecidos e precisam de atenção para serem diferenciadas.
O infectologista David Uip afirma que a experiência médica é capaz de reconhecer a maioria dos casos. “É importante que haja diagnóstico rápido e maior conscientização tanto da população quanto de atenção e esclarecimento por parte do governo”, diz.
A dengue tem quatro tipos de vírus diferentes. Cada pessoa pode ter os quatro sorotipos da doença, mas a infecção por um sorotipo gera imunidade permanente apenas para mesmo. A dengue pode ser assintomática, leve ou grave, podendo até levar a morte. Entres os sintomas comuns estão febre alta (acima de 38.5ºC), dores musculares intensas, dor ao movimentar os olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. De acordo com o Ministério da Saúde, a dengue pode durar de 2 a 7 dias e, geralmente, a doença tem cura espontânea depois de 10 dias. Mas, ao sinal dos primeiros sintomas, é muito importante procurar atendimento médico para o diagnóstico e tratamento adequados.
A infecção por chikungunya começa com febre, dor de cabeça, mal estar, dores pelo corpo e muita dor nas articulações, podendo também apresentar, em alguns casos, manchas vermelhas ou bolhas pelo corpo. O quadro agudo dura até 15 dias e cura espontaneamente.
A doença causada pelo vírus da Zika tem mais risco de desenvolvimento de complicações neurológicas, como encefalites, Síndrome de Guillain Barré e outras doenças. De acordo com o Ministério da Saúde, a infecção pode causar manchas vermelhas em todo o corpo, conjuntivite (olho vermelho) sem secreção, febre baixa, dor de cabeça, dores pelo corpo e nas juntas. Diferente da dengue e da chikungunya, o zika também pode ser transmitido na relação sexual e da mãe para o feto durante a gestação. Neste último, pode haver lesões cerebrais irreversíveis, como o desenvolvimento da microcefalia. Na maioria dos casos, a zika é uma doença branda e tem cura espontânea depois de 10 dias.
O tratamento das três arboviroses é feito para aliviar os sintomas, com o uso de analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios. Além disso, é recomendado repouso absoluto e ingestão de bastante líquido. Veja mais detalhes abaixo:
PREVENÇÃO
A melhor forma de prevenir as três doenças é a eliminação de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti. Isso quer dizer evitar deixar água acumulada em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso, e até mesmo em recipientes pequenos como tampas de garrafas.
Além disso, repelentes e inseticidas podem ser usados, principalmente durante surtos. Mosquiteiros também proporcionam boa proteção para aqueles que dormem durante o dia, como bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo