Contato com a natureza melhora saúde mental
Estar próximo ao meio ambiente nunca foi tão importante. Um levantamento feito pela ONG The Nature Conservancy (TNC) analisou a relação entre o contato com a natureza e a qualidade da saúde mental. O estudo, publicado na revista científica Sustainable Earth, destacou que 46% das pessoas que vivem nas grandes cidades do mundo, como São Paulo, já sofrem de problemas relacionados à saúde mental. No entanto, apenas 13% da população urbana mundial vive próxima à natureza.
Outro dado relevante é de pesquisadores do Instituto de Saúde Global de Barcelona. Publicado em maio deste ano, o trabalho teve como base a análise de dados de quase 4 mil pessoas, de quatro países europeus distintos. O resultado mostrou que crianças que crescem com baixos níveis de exposição a ambientes verdes ou azuis (como parques, florestas, fazendas, lagos, rios e praias) se tornam adultos mais nervosos e/ou depressivos.
O psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Daniel Martins de Barros, destaca, ainda, um trabalho da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, sobre o tema. “Cientistas pediram para que um grupo de pessoas colocasse na rotina um tempo de contato com a natureza. A partir daí, eles passaram a medir o nível de cortisol, hormônio relacionado ao estresse. Foi possível ver que, quando a pessoa tinha contato com a natureza mais de três vezes por semana, por mais de 20 minutos, o nível de cortisol e, consequentemente, o estresse, caía consideravelmente”, explica.
São estudos como estes que mostram a necessidade da valorização do ecossistema, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Atentos ao tema, o príncipe William e a duquesa Kate Middleton criaram um jardim onde famílias e comunidades podem se unir, e se conectar com a natureza. Uma publicação recente em uma rede social oficial da família real afirmou que “sua alteza real é forte defensora dos benefícios comprovados que o ar livre tem na saúde física e mental, principalmente ainda no desenvolvimento infantil”
Psiquiatra e ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Mauro Aranha explica que, em meio à natureza, é possível se desligar das opressões do meio urbano. “Faltam espaços de convivência no meio urbano. Há proliferação do que o antropólogo Marc Augé chama de não-lugares, ou seja, lugares que não são percebidos ou valorizados”, analisa. “Isso é comum em uma metrópole como São Paulo, onde as pessoas vivem cercadas dentro de suas casas ou carros. E isso é muito ruim para a saúde mental”, diz o médico.
Exponha-se à luz do sol
Aranha afirma, ainda, que o a luz do sol tem efeito terapêutico para pacientes que têm doenças mentais. Na Europa, por exemplo, os índices de depressões sazonais têm grande registro durante o outono e o inverno, quando os dias são mais curtos e têm menos luminosidade.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo