A bagunça é inimiga da saúde

13 de junho - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

Sapatos e roupas por baixo e por cima dos móveis, louça acumulada por várias refeições, aquele monte de coisa socada nas gavetas e armários. Tem até objetos novos que, esquecidos, ficaram com as etiquetas e sem uso. Bagunça em casa pode muito bem ser apenas um traço de personalidade ou aquela clássica falta de tempo. Mas ela pode, também, chegar ao ponto de comprometer a saúde física e mental de um indivíduo – e aí é bom estar atendo para não passar de bagunceiro a alguém com problemas graves.

Até soa como exagero dizer que a bagunça na casa compromete a saúde física de uma pessoa. Mas isso pode, sim, acontecer. No caso das crianças, por exemplo, que precisam de rotina e de segurança para se desenvolverem, o fato de estar em um ambiente tranquilo e organizado contribui para um crescimento mais saudável de modo geral.

No caso dos adultos também – já que, diante da bagunça, fica mais difícil encontrar o que se precisa, otimizar o tempo e situar os pensamentos, o que pode gerar grande estresse.

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

Também surge o sentimento de ter menos controle sobre o ambiente, deixando o clima da casa mais tenso e levando à ansiedade ou depressão. São doenças da mente que, por vezes, trazem também dores físicas por todo o corpo, piorando a qualidade de vida.

Há também aquele outro viés: casas lotadas de objetos tendem a não ser limpas e arejadas adequadamente. Daí entram em cena alergias, concentração de vírus e bactérias, talvez até infecções trazidas por mofo. Doenças respiratórias e de pele podem acontecer com maior facilidade em um ambiente bagunçado.

Um grupo de pesquisadores norte-americanos do Hygiene Council, formado por especialistas em infecção, comprovou que até 80% das doenças causadas por comida têm origem doméstica (a desorganização geral da cozinha deixa alimentos se estragarem mais rápido ou serem mal armazenados, trazendo perigo de intoxicação). É comum também o acúmulo permitir maquiagens vencidas ou brinquedos embolorados, mais risco de infecções à vista.

Bagunça mental

A bagunça aceitável é apenas aquela que não atrapalha a vida diária. “Muitas pessoas são até capazes de conviver com ambientes bagunçados sem que isso interfira no trabalho, no bem-estar, nos relacionamentos ou na saúde. Mas quando a desordem passa a atingir negativamente esses aspectos da vida, é hora de mudar”, diz Leiliane Tamashiro, neuropsicóloga pesquisadora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Leiliane explica que, para saber o limite entre ser bagunceiro e um problema mais sério é primeiro a quantidade de objetos acumulados e, segundo, o estado emocional da pessoa.

“Bagunceira é a pessoa desorganizada, dona de objetos amontoados e sem local apropriado – mas que acaba se encontrando assim, nessa personalidade. Os acumuladores, no entanto, são acompanhados de muita tristeza, são indivíduos que não conseguem lidar com algum tipo de perda e estão buscando preencher um vazio”, diz.

Aí é que entra a ajuda dos amigos e parentes para notar esse comportamento e perceber que a bagunça representa algo diferente.

“Procurar um psicólogo é importante para identificar o que está acontecendo, encontrar soluções e lidar com elas. Remédios contra ansiedade ou depressão podem ajudar, mas não resolvem: é preciso analisar profundamente cada caso”, orienta a especialista.

E é vital cuidar desse desequilíbrio na saúde da mente o quanto antes. O tempo vai dificultando o processo de cura – e neuroses ou psicoses podem ser o resultado da bagunça visível e daquela que está por dentro da pessoa.

Abaixo, algumas sugestões que podem evitar a bagunça generalizada e suas consequências na saúde:
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Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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