A fonte da juventude – Tão longe e tão perto

02 de junho - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

Por Mauricio Wajngarten

A eterna juventude é um anseio de todos, e tem se acentuado com a percepção da possibilidade do aumento da longevidade. É obvio: “Se posso viver mais, por que não o fazer na melhor forma possível?”. E vem a busca, nem sempre racional: “­Doutor, não devo começar a tomar vitaminas?”. Ou então: “Existe algum tratamen­to de rejuvenescimento?”. A preocupação é totalmente válida e merece esclarecimentos.

Afinal, são objetivos da medicina aumentar a sobrevida e manter a boa qualidade de vida, conseguindo o chamado “envelhecimento ativo”, que possibilita a participação profícua em atividades profissionais, sociais e culturais.

Mauricio Wajngarten é  cardiologista do InCor e professor da Faculdade de Medicina da USP - Foto: Arquivo pessoal
Mauricio Wajngarten é cardiologista do InCor e professor da Faculdade de Medicina da USP – Foto: Arquivo pessoal

É verdade que, à medida que envelhecemos, perdemos capacidades, tornando-nos mais vulneráveis. Iremos resumir as causas mais importantes e como podemos atenuar e retardar esse processo.

– O envelhecimento biológico modifica as células, alterando a sua multiplicação e a sua função. O organismo perde progressivamente a aptidão de reserva, utilizada em situações de maior solicitação ou agressão. Assim, por exemplo, há uma redução na capacidade reprodutiva, física, cognitiva, etc. Vários mecanismos, inclusive os “famosos” radicais livres, estão envolvidos nesse processo. Até o momento, porém, não há comprovação definitiva da eficácia dos tratamentos propostos para modificar esse Importante: Todos nós envelhecemos, inexoravelmente. Começamos a envelhecer assim que somos concebidos; só não envelhece quem morre jovem. O envelhecimento é muito heterogêneo e, por isso, encontramos idosos tão diferentes uns dos outros. Não existe rejuvenescimento.

– As doenças que surgem durante as nossas vidas promovem alterações e sequelas que podem reduzir a funcionalidade dos nossos órgãos. As sequelas de um acidente vascular cerebral, das artrites ou de um infarto do miocárdio ilustram essas repercussões. No caso de um infarto, por exemplo, uma parte do músculo cardíaco é destruída, prejudicando o bombeamento de sangue para o organismo e causando fraqueza, falta de ar, tonturas e batedeira. As consequências de doenças como as citadas acima podem tornar a vida difícil, desconfortável e implicar na incapacidade e dependência da ajuda de outras pessoas para atividades cotidianas. Esse é o “envelhecimento malsucedido”, que todos devemos evitar. Felizmente, o progresso contínuo da medicina tem propiciado diagnósticos precoces, bem como tratamentos eficazes, reduzindo, assim, o impacto das doenças. Mas, como diz a sabedoria popular, é melhor prevenir do que remediar, combatendo os famosos fatores de risco, como veremos a seguir.

– Os fatores de risco podem facilitar o aparecimento das doenças. A hereditariedade é um deles, porém, na prática, ainda é considerado um fator que não pode ser modificado. A real possibilidade futura de mudar a propensão genética às doenças mais comuns, como as do coração, é fascinante. Por enquanto, devemos concentrar esforços na atuação sobre os chamados fatores e risco modificáveis. Eles incluem fatores biológicos e comportamentais. Basicamente, os biológicos são pressão alta e os níveis sanguíneos elevados de glicose e colesterol. Os comportamentais são tabagismo, inatividade física, dieta inadequada/obesidade e estresse (ansiedade e depressão). Claro que, de certo modo, há uma enorme interligação entre todos eles.

A pressão alta é, possivelmente, o melhor exemplo para entender a influência desses fatores que transforma um envelhecimento bem-sucedido em um envelhecimento malsucedido. Com a idade, existe um endurecimento natural das nossas artérias que, por si, só tende a promover uma tendência ao aumento da pressão arterial. Seria comparável ao aparecimento gradual e “inofensivo” dos cabelos brancos. Contudo, o próprio aumento da pressão pode “machucar” as artérias, propiciando acentuação do aumento da pressão e deixando de ser inofensivo. É como se houvesse uma aceleração do envelhecimento das artérias, que facilita o aparecimento de doenças graves como derrames cerebrais, infartos do coração, arritmias, coração fraco (insuficiência cardíaca) e prejuízos renais. Pois então, parece aceitável a antiga ideia de que a nossa verdadeira idade é a idade das nossas artérias. De fato, hoje sabemos que as nossas capacidades física e mental estão intimamente ligadas às condições de nossas artérias.

Portanto, combater os fatores de risco vale muito a pena. Para tanto, devemos adotar estilo de vida saudável, avaliar, por meio de exames bastante simples, a pressão arterial e os níveis sanguíneos de colesterol e glicose.

Dialogar com o médico e a equipe de saúde, expondo dificuldades em aderir às orientações e aos medicamentos, é fundamental na busca de soluções.

Vale lembrar que nunca é cedo ou tarde demais para promover saúde.

Como os caros leitores puderam constatar, a fonte da juventude existe! Longe das soluções mágicas e fáceis, e, sim, perto do cuidado permanente com a condição da saúde e do estilo de vida adequado.

Arregace as mangas e seja sempre jovem!

Compartilhe:

Dúvidas?
Envie sua pergunta para o

RESPONDE

acesse

Notícias Relacionadas: