Como lidar com a pressão pelo segundo filho?

20 de setembro - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

Por Daniela Spilotros

Muitas pessoas, especialmente as mulheres, chegando aos 30 anos começam a receber uma pressão social para ter filho. O mais curioso é que, mesmo vindo esse bebê, o casal começa, logo depois, a receber uma nova onda de cobrança – aí, pelo segundo filho. Mas essa é uma decisão única e exclusivamente relacionada a família, que deve levar diversos pontos em consideração.

“Muitas vezes, a pressão pelo segundo filho é ainda mais forte sobre o casal do que na primeira gravidez”, diz o psicólogo Júlio de Moraes, especialista em atendimento a famílias em São Paulo.

Ele conta que, em geral, o ponto de partida da pressão de familiares e amigos ao redor do casal começa com “ele(a) precisa de um irmãozinho”. A escolha, no entanto, precisa se basear menos nos palpites alheios e mais em alguns aspectos práticos e emocionais.

Mesmo essa questão do filho único é controversa. “Para cada estudo mostrando que ser a única criança da casa é ruim para o desenvolvimento, há outro dizendo que é normal ou até mesmo bom”, lembra Moraes.

Aumentar a prole é uma decisão que passa por uma escolha racional e também por uma vontade emocional - Foto: Freepik
Aumentar a prole é uma decisão que passa por uma escolha racional e também por uma vontade emocional – Foto: Freepik

Cada família é única

A realidade é que cada núcleo familiar funciona de uma maneira muito própria – e, portanto, a decisão deve avaliar estritamente aquele grupo de pessoas, sem se basear completamente em exemplos externos. Não significa, lembra o especialista, que um segundo filho será uma companhia permanente para o primogênito ou mesmo para os pais na fase adulta.

A questão financeira também é, sim, um ponto importante. Uma família de quatro pessoas pode não caber em um orçamento pensado para três – ainda mais se o segundo filho envolver a troca por uma casa maior, a ajuda de babás ou escolas, impacto nos ganhos ou diminuição do avanço profissional do casal.

Para orientar (de um modo básico) os casais que se sentem em dúvida a esse respeito, três pontos devem ser observados. Sem pressão, apenas para ponderação:

1- Não ajam por impulso e sejam práticos – sem medo

O casal deve analisar desejos, possibilidades, limites. Aumentar a prole é uma decisão que passa por uma escolha racional e também por uma vontade emocional – analisando a questão do tempo disponível para se dividir entre duas crianças e o aspecto financeiro, claro.

Leve em conta até que ponto ter um segundo filho impactará na vida profissional dos pais, por exemplo. Existem condições para encarar os novos desafios da maternidade/paternidade? Haverá tempo para dedicar aos filhos e não abrir mão de conquistas importantes para o futuro da família? São pontos a considerar – “e sem receio de estar sendo ‘frio e calculista’, pois são questões importantes”, lembra o psicólogo.

2- É imprescindível decidirem juntos

Um segundo bebê tende a levantar diversas questões na relação conjugal (boas e difíceis). E mais: também não é ideal ter outro filho para suprir a necessidade de um segundo marido ou uma segunda esposa – ou para atender ao pedido do primogênito que quer um irmão. Cada parte do casal precisa ser ouvido de verdade a respeito dessa decisão. E todo mundo precisa querer e colocar energia para a vinda da criança.

3- A posição dúbia da criança mais velha

Mesmo quando o primeiro filho demonstra querer um irmão, existe sempre um choque em perder a “exclusividade” para o bebê que nasce. Os pais precisam estar atentos e dispostos a guiar a adaptação do primogênito sobre a nova rotina da casa. Esse será o início de uma longa jornada no relacionamento entre irmãos e para toda a família.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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