A vacinação avança no país, mas o uso de máscara ainda é fundamental

03 de agosto - 2021
Por: Lidia Capitani

Entenda a atual situação da pandemia e por que o uso da proteção ainda é indicado mesmo após a segunda dose da vacina

Com mais de um ano de pandemia, muito se falou sobre o uso de máscaras contra disseminação do novo coronavírus. Atualmente, sabe-se que aproximadamente 15% da população brasileira tomou as duas doses ou o imunizante de dose única. Mas, infelizmente, este percentual ainda é muito abaixo do considerável adequado para que haja maior flexibilização das já conhecidas medidas de prevenção.

E há algumas explicações para isso: após a aplicação da segunda dose da vacina, é preciso esperar, pelo menos, 15 dias para que o imunizante atinja eficácia esperada contra evolução para forma grave da doença – é preciso lembrar que nenhuma vacina possui 100% de eficácia contra infecção pelo vírus. Outro ponto é a imunidade coletiva: especialistas estimam que só haverá maior proteção contra o vírus – e consequentemente o controle da pandemia – quando, pelo menos, 80% da população estiver completamente vacinada.

Um estudo realizado pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e publicado na revista científica Aerosol Science and Technology analisou a eficácia de diferentes tipos de máscaras.

As máscaras são uma das formas mais eficazes de evitar a contaminação pelo coronavírus, uma vez que sua transmissão acontece primordialmente pelo ar. Há disponíveis no mercado vários tipos de máscaras, sendo as mais comuns as de uso não profissional (a exemplo das feitas de tecido), as máscaras cirúrgicas e as conhecidas PFF2 e N95.

De acordo com o estudo, entre as mais recomendadas, estão os tipos PFF2/N95, com capacidade de filtragem mínima de 94-95% das partículas suspensas no ar, oferecendo maior proteção contra o coronavírus. O Coração & Vida conversou com a médica infectologista do Hospital Sírio Libanês, Cristhieni Rodrigues sobre o tema:

Máscaras de tecido

Funcionam como barreira física contra gotículas emitidas durante a fala, tosse ou espirro. São de baixo custo e devem ser confeccionadas em tecido mais grosso, preferencialmente algodão ou tricoline, compostas por pelo menos duas camadas. Atenção: máscaras de crochê e linha não protegem, uma vez que apresentam trama larga – o que permite a saída e entrada de partículas.

Higienização: a máscara de tecido deve ser higienizada com água e sabão diariamente. A especialista sugere que sejam trocadas a cada 3 ou quatro horas. Com a respiração e ao falar, o tecido da máscara fica úmido, torna-se incomodo e compromete a proteção.

Máscaras cirúrgicas

São as máscaras mais utilizadas nos hospitais. Além de servirem como barreira física, também apresentam capacidade de filtragem. Estas máscaras devem, preferencialmente, possuir uma camada interna, uma externa e um filtro entre elas (camada tripla) – o que resulta em filtragem mais adequada.

Descartáveis: as máscaras cirúrgicas são descartáveis e o tempo de troca não deve ultrapassar quatro horas (se estiver suja ou úmida, deve ser trocada antes do tempo)

Máscara PFF2/N95

As máscaras PFF2 ou N95 são comumente usadas em ambientes hospitalares ou unidades que atendem pacientes com covid-19. Têm capacidade de filtrar as partículas virais suspensas no ar, oferecendo maior proteção.

Reutilizáveis: a infectologista explica que podem ser reutilizadas, mas é recomendável deixá-las expostas para retirar a umidade ocasionada pela própria respiração, e acondiciona-las após seca em uma embalagem limpa. Não devem ser higienizadas com água, sabão ou qualquer outro produto.

Como usá-las

Ajustadas ao rosto: as máscaras devem estar bem ajustadas na face, evitando o vazamento de ar pelas laterais e queda expondo, assim, nariz e boca. As máscaras cirúrgicas e a PFF2 já possuem o clipe nasal que se ajusta facilmente ao nariz.

Cobrindo boca e nariz: uma questão importante levantada pela infectologista é o uso da máscara no queixo ou deixá-la em cima da mesa quando a pessoa for se alimentar. Ela adverte que este tipo de prática pode contaminar a própria pessoa.

Pouco ou nenhum manuseio: outro ponto de atenção é ao manusear as máscaras. Evite mexer nelas enquanto usa, principalmente se estiver na rua, em transporte público, por exemplo, justamente porque as mãos estão sujas. É preciso lembrar de sempre higienizar as mãos antes de tocá-las, e que devem ser manuseadas pelo elástico – nunca pela parte da frente, que pode estar contaminada. Após retirá-la, armazene-a em uma embalagem (preferencialmente de papel), caso esteja na rua e for trocá-la. Não despreze a máscara em qualquer lugar pois ela pode contaminar outra pessoa.

Com troca regular: ao respirar e falar durante o dia, as máscaras ficam úmidas, o que prejudica sua capacidade de filtração do ar. Assim, é importante que ao sair de casa, você leve uma troca de máscara (tecido ou cirúrgica) e troque a cada 3 ou 4 horas.

Por que usar máscara

Usar máscara é sinônimo de empatia, respeito e, sobretudo, segurança para quem usa e os demais próximos. “Embora menos comum, mesmo uma pessoa vacinada ou que já teve a doença pode se reinfectar e transmitir o vírus para o outro. Ainda temos um longo caminho a percorrer. Por isso, use máscara sempre”, enfatiza a infectologista.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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