Doação de órgãos: como abordar o assunto com os familiares

17 de setembro - 2014
Por: Equipe Coração & Vida

Milla Oliveira

Um dos maiores desafios da medicina é comunicar a morte de um paciente para sua família. Como o médico deve agir, no entanto, quando, além de dar esta notícia, precisa conversar com os familiares sobre a doação dos órgãos do ente querido?

Coração & Vida entrevistou especialistas em transplantes para descobrir qual deve ser a postura correta e o discurso mais apropriado em um momento tão delicado. Há entre os profissionais o consenso de que o bom relacionamento com os familiares do falecido é o fator mais importante para iniciar a conversa sobre doação.

Após o diagnóstico de morte encefálica do paciente internado, realiza-se uma entrevista com os parentes para tratar da possibilidade de doar os órgãos do ente. A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) aponta que a satisfação dos familiares com essa entrevista aumenta em nove vezes as chances de concretizar a doação.

O presidente da entidade, o médico Lúcio Pacheco, afirma ser fundamental que o profissional de saúde saiba observar qual o momento ideal de abordar a família, respeitando o tempo de luto. “É preciso dar um tempo para os familiares refletirem sobre a morte do parente”, diz.

transplante

O médico coordenador do Sistema Estadual de Transplantes de São Paulo, Agenor Spallini Ferraz, aponta também para a importância de os hospitais contarem com uma estrutura adequada de acolhimento a essas famílias no momento de conversar sobre a doação de órgãos. “Se você chegar de forma errada na família, no lugar errado, perde a doação”, diz o coordenador.

A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo conta periodicamente com cursos de capacitação voltados para profissionais integrantes das equipes multidisciplinares de transplantes de órgãos. Segundo Ferraz, a pasta tem previsão de ministrar ao menos uma dessas atividades até o mês de dezembro.

Ao todo, 150 profissionais serão treinados para trabalhar nessa área em 50 hospitais públicos de São Paulo. “Vamos ensiná-los a fazer a busca pelo órgão, a subsidiar o diagnóstico de morte encefálica e, principalmente, a conversar com a família”, disse Ferraz.

Os profissionais de saúde também chamam a atenção para a importância de se conversar em família sobre a doação de órgãos. João Erb, enfermeiro que já trabalhou na captação pela Secretaria, aponta que a falta de conhecimento sobre o desejo do parente em doar pode motivar os familiares a recusar a ideia. Lúcio Pacheco endossa a afirmativa e acrescenta ser “difícil propor a doação de órgãos para uma família que nunca falou sobre isso”.

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