Acne ou rosácea? Entenda o que o goleiro Alisson pode ter na pele
Na emoção das quartas de final da Copa do Mundo da Rússia, a seleção brasileira de futebol continua chamando atenção, dentro e fora dos campos – e não é somente por sua atuação técnica, mas, também, por características curiosas e pessoais dos jogadores.
O goleiro Alisson Becker, natural do Rio Grande do Sul, tem sido um dos campeões no pódio dos assuntos que ficam entre os tópicos mais comentados nas redes sociais: conquistou o público feminino por seu porte físico, no alto de seu 1, 93 metro de altura, e as fotos afetivas da família que compartilha em seus perfis pessoais.
Um dos assuntos relacionados ao goleiro, que tem gerado conversas na internet, é a vermelhidão que ele apresenta na pele do rosto. Em recente coletiva de imprensa, quando questionado sobre o assunto, até brincou: “estou na puberdade”. Será? Aos 25 anos, e já passado esse período de transições biológicas, especialistas apontam para dois quadros: acne e rosácea.
Vamos ao ponto: tanto a acne, que é caracterizada por espinhas e cravos derivados de processos inflamatórios das glândulas sebáceas e de folículos capilares, como a rosácea, doença vascular inflamatória que se manifesta com o rubor na região centro facial, podem provocar “vermelhidão” e calor na pele do rosto.
Para o dermatologista Caio Lamunier, médico do Hospital das Clínicas e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), apesar de o diagnóstico necessitar de uma consulta presencial, com avaliação global não só da pele, mas de todo o histórico do paciente, o problema que parece estar presente é a rosácea. “Aparentemente, parece ser rosácea, afinal piora no período de estresse (comum nesses quadros) e pelo clima mais seco da Rússia. Em todo caso, é necessário analisar, também, a presença de cravos, afinal a acne é mais comum em homens jovens como o Alisson”, explica.
E como diferenciar a acne de rosácea, Doutor? “Nem sempre é fácil, mas a história de ambas é bem diferente. A rosácea não apresenta cravos e acomete mais mulheres, após os 30 anos. Tem o rubor facial como antecedente também. Já a acne apresenta cravos e acomete mais homens na puberdade”, destaca Lamunier.
4 perguntas e respostas sobre rosácea
1- O que é?
Esse problema vascular é muito comum entre adultos de 30 e 50 anos de idade, com fases de remissões e outras mais críticas. A rosácea atinge em torno de 2 a 10% da população mundial. O sintoma inicial é o rubor facial, que acomete a face e colo em momentos de estresse.
A doença pode acometer tanto a pele, principalmente no nariz e na região das bochechas, quanto os olhos. Costuma se manifestar com uma vermelhidão persistente e pústulas (bolinhas com pus), além do surgimento de vasinhos e de sensação de ardor. “Em estágio mais avançado, pode ocorrer a rosácea fimatosa, ou seja, quando há formação de um tecido fibroso. Nos olhos, pode apresentar sensação de secura, de lacrimejamento ou mesmo de dor, chegando em alguns casos a conjuntivite e ceratite (lesão ocular que provoca vermelhidão)”, esclarece a dermatologista Adriana Vilarinho, membro das Sociedades Brasileiras de Dermatologia e também de Cirurgia Dermatológica.
Apesar de ser bem mais frequente em mulheres, tende a ser mais grave nos homens, evoluindo com o aumento gradual do nariz, por conta do espessamento e a dilatação dos folículos da pele (cientificamente chamado de rinofima).
2- Por que acontece?
A dermatologista explica que há uma série de fatores que contribuem para o desenvolvimento da rosácea. Dentre os mais comuns, estão as alterações nos microvasos da face, agravadas muitas vezes pela exposição solar. Além de um estado inflamatório crônico, que se estabelece na pele da região, influenciada muitas vezes por desregulação do sistema imune. Também há estudos que indicam um componente genético para a rosácea, mas o gene envolvido ainda não foi confirmado.
3- Quais são os fatores de risco?
Os fatores de risco para piora dos quadros de rosácea são o estresse, as alterações hormonais, ingestão de álcool e calor ou frio em extremo, além de medicamentos que causem vasodilatação ou afinamento da pele.
4- Quais os tratamentos mais comuns rosácea e acne?
Quando falamos em rosácea, é preciso muito controle contínuo para a doença. São usadas medicações tópicas, visando desinflamar a pele e medicações orais, quando há lesões mais salientes. “Como a pele desse paciente normalmente é mais sensível, deve-se evitar cosméticos a base de álcool, abrasivos e adstringentes”, ressalta Vilarinho.
Para controle das manifestações vasculares também são recomendados, por exemplo, tratamentos com luz pulsada, um laser que pode auxiliar, ainda, na acne inflamada.
Conheça os benefícios da luz pulsada para a pele
Já para a acne, a limpeza da pele com sabonetes apropriados e o uso de tópicos com substâncias anticomedogênicas (que não bloqueiam os poros) ou antibióticas, que podem ou não ser associados às medicações orais.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo