Açúcar: como lidar com este vilão?

11 de janeiro - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

Cuidar da alimentação dos filhos não é tarefa fácil. Quem tem crianças em casa sabe que os desafios na hora das refeições parecem se multiplicar com o tempo. Sob recomendação médica, alguns pais têm optado por cortar o açúcar da alimentação dos filhos até que completem dois anos de idade. Afinal, quais os benefícios dessa decisão? Há algum risco atrelado a ela?

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De acordo com a nutricionista Simone Ferraz, não há qualquer perigo na restrição de açúcar aos pequenos.

Foto: Shutterstock
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“O açúcar branco é caloria vazia, não tem nenhum nutriente importante para o organismo. A criança deve ter uma alimentação balanceada com fontes de carboidratos de qualidade através de alimentos naturais que fornecerão energia suficiente para o seu desenvolvimento”, explica.

A opinião é compartilhada pela endocrinologista Claudia Cozer Kalil, coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtorno Alimentar do Hospital Sírio-Libanês.

“O açúcar é um produto industrializado, não faz parte das necessidades básicas, visto que o carboidrato é ingerido sob a forma de frutas, pães, massas e outros produtos a base de farinha. Não ingerir açúcar não traz nenhum prejuízo, só benefícios”, afirma.

Se não há prejuízos, há benefícios na decisão. De acordo com Ferraz, além de ajudar na prevenção de cáries e doenças ligadas à obesidade, a restrição ao açúcar permite que a criança desenvolva um paladar mais diversificado.

“Nascemos com o paladar naturalmente mais propenso ao doce, pois o leite materno tem um sabor mais adocicado. É nesta fase que a criança está desenvolvendo o paladar, portanto podem ficar mais tolerantes aos doces, querendo cada vez mais porções maiores, para satisfação e deixando de lado os outros sabores naturais que devem ser estimulados nessa fase”, explica.

“O açúcar mascara o sabor original do alimento e o bebê tende a recusá-lo quando oferecido da forma natural”, completa.

A nutricionista esclarece que o período de dois anos é uma recomendação do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria. “Já está mais que comprovado cientificamente que os primeiros mil dias de vida [da gestação aos 2 anos] são cruciais para a saúde do indivíduo com repercussões por toda a vida”, complementa.

O único cuidado que deve ser observado está relacionado à forma como a restrição é imposta à criança.

Segundo a nutricionista Gabriela Gentil Monteiro, a restrição absoluta pode comprometer o comportamento da criança diante da comida, prejudicando sua relação com ela.

“Pode ser prejudicial manter a criança em um ambiente onde tenha doces disponíveis para algumas pessoas, enquanto ela é ‘excluída’ de participar dessa interação. Esse tipo de situação pode gerar alterações psicológicas prejudiciais à criança”, explica.

Portanto, cuidado ao colocar a restrição em prática. De nada adianta a criança ser proibida de ingerir doces, se os adultos em frente a ela seguem com os mesmos hábitos alimentares.

Se você pretende adotar essa medida com seus filhos até os dois anos, evite comer alimentos com açúcar junto à criança e fique atento para que seus filhos mais velhos também não o façam. É preciso dar o exemplo, para que a criança consiga entender a proibição como algo natural.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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