Ângela Bismarchi, a mulher das plásticas

26 de setembro - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

Pessoas muito ligadas a um excesso de preocupação com o corpo sofrem, de acordo com os especialistas, de uma doença psiquiátrica chamada dismorfofobia.

“É um quadro caracterizado pela procura exagerada por cirurgias plásticas, por exemplo, ou por atividade física”, diz Bernardo Nogueira Batista, cirurgião plástico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Especial do mês: Cuidados antes e depois de uma cirurgia plástica
Brasil é o 2º recordista mundial em cirurgias plásticas

Artigo: Cirurgia plástica, quando e como fazer?
Você sabia… Que o Brasil já foi recordista mundial em cirurgias plásticas?

Ângela Bismarchi - Foto: Arquivo pessoal
Ângela Bismarchi – Foto: Arquivo pessoal

Identificar essas pessoas é um enorme desafio para os médicos. “Esses pacientes, normalmente, têm uma queixa incompatível com o que se observa no exame físico e uma expectativa irreal em relação ao resultado da cirurgia”, explica Batista.

“São sinais muito sutis, o que dificulta o diagnóstico antes da cirurgia, mas normalmente são pessoas que não ficam satisfeitas com os procedimentos e acabam passando de cirurgião em cirurgião. Sempre que houver a suspeita, é prudente não fazer a cirurgia. E sim, o médico tem autonomia para se recusar a fazer uma operação que julgue desnecessária”, afirma.

O limite entre o saudável e o exagero está ligado à expectativa que cada indivíduo tem de si.

O nome da modelo e empresária Ângela Bismarchi, por muito tempo, ficou marcado como um sinônimo de cirurgias plásticas. Presença constante tanto nos desfiles de carnaval do Rio de Janeiro e São Paulo quanto em programas de televisão, a carioca ficou marcada nesse tema.

Revistas de fofoca chegaram a mencionar 42 operações realizadas no corpo de Ângela. Prestes a completar 50 anos, ela nega esse número: diz que foram cerca de dez cirurgias e indica que a idade não a preocupa – e que a passagem do tempo, em si, não traz a ideia de voltar ao centro cirúrgico.

“Estou muito feliz por fazer 50 anos, me sinto uma menininha de 20”, diz.

Um pouco afastada do burburinho que sempre permeou sua vida pública e particular, Ângela Bismarchi não parece viver mais, de fato, sob a mira do bisturi.

Diversificou suas atuações em muitas frentes, inclusive: nos últimos anos, ela teve uma loja de roupas no Rio de Janeiro e escreveu dois livros – “Os 10 Mandamentos do Amor” e “Don Juan e seus Tons de Pink”.

Ângela já não parece se importar tanto com o tema que a fez famosa; nas revistas, TV e sites, era sempre apontada como uma adepta das “cirurgias em série” – tanto que o número fantasioso de 42 operações ainda está pela internet, replicado como se fosse verdade.

Apesar de ter sido muitas vezes alvo dessa imagem, ela, hoje, parece estar serena em relação ao próprio corpo e ao “universo das plásticas”. Ângela conversou com o Coração & Vida sobre o assunto.

Coração & Vida – Ângela, quantas cirurgias plásticas você já fez? Alguns veículos de comunicação falam em 42, é verdade?

Ângela Bismarchi – Claro que não. Isso é um mito que foi ficando marcado porque eu tive (e tenho) maridos cirurgiões plásticos. O Ox (Ox Bismarchi, marido de Ângela que foi assassinado em 2002) era muito “garganta”, falava que tinha realizado muitas cirurgias em mim. Mas não foi verdade.​ Fiz mais ou menos 10 cirurgias.

C&V – Você poderia dizer qual foi a primeira delas – e quando, como e por que decidiu fazer naquele tempo?

Ângela – A primeira foi para aumentar meus seios depois da minha gravidez, há 24 anos.​ Depois fiz mais algumas, poucas, com o Ox e mais algumas com Wagner de Moraes, meu marido há 12 anos.

C&V – O pós-operatório deve ser sempre uma fase difícil. Algumas pessoas juram que nunca mais querem fazer uma cirurgia. Você teve algum momento assim, complicado?

Ângela – ​Cirurgia plástica é uma questão complexa que depende de cada paciente, de como cada um reage à operação. Eu posso dizer que nunca tive problemas.

C&V – O motivo de você ter decidido fazer uma cirurgia foi, você diria, sempre estético? Tem algum outro fator que influiu nas suas decisões?

Ângela – Em geral, foram questões estéticas. As únicas “fora dos padrões de estética” foram as da virgindade (Ângela fez a cirurgia chamada himenoplastia, que reconstrói o hímen) e da puxadinha nos olhos para o Carnaval do Rio de Janeiro, quando saí como Rainha de Bateria em um enredo em homenagem ao Japão (em 2008, com a escola de samba Porto da Pedra)​.

C&V – Para algum dos procedimentos você precisou fazer alguma preparação anterior (alguma “exigência” quanto a controle da pressão arterial ou perda de peso, por exemplo)?

Ângela – Não​, quase sempre fui acompanhada pelo meu marido – e, como médico, ele pôde me auxiliar nas preparações.

C&V – Hoje você diria que todas as operações tinham mesmo que ser feitas? Ou alguma você acredita que não tinha necessidade, que poderia ter sido deixada de lado ou substituída por outras técnicas cosméticas?

Ângela ​- Foram de comum acordo​ com o meu marido. Então acredito que não houve problema em fazer cada uma delas.

C&V – Tem algum procedimento que você jamais repetiria? Aliás, tem algum outro procedimento que você ainda considera fazer?

Ângela – Só quando eu tiver muito mais idade é que vou poder pensar sobre isso. Por enquanto, não penso em mais nenhuma.

20160909-cirurgias-angela-bismarchi

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

Compartilhe:

Dúvidas?
Envie sua pergunta para o

RESPONDE

acesse

Notícias Relacionadas: