ANS estuda alternativas para partos

19 de agosto - 2015
Por: Equipe Coração & Vida

Um estudo liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com participação de pesquisadores da USP e divulgado nesta semana no Brasil, constatou que mães do mundo todo sofrem maus-tratos na hora do parto.

Ao todo, foram investigados 65 estudos sobre o assunto em 34 países.

ANS estuda alternativas para partos
Foto: Shutterstock

Com o intuito de defender uma melhor assistência ao parto no Brasil, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI) lançaram o projeto “Parto Adequado”.

Na última sexta-feira, 14 de agosto, representantes das três instituições discutiram com as operadoras de saúde novos modelos de assistência e remuneração para equilibrar a taxa de cesáreas no Brasil durante o 1º Fórum Latino Americano de Qualidade e Segurança na Saúde, que ocorreu em São Paulo.

Como uma das alternativas para reduzir o número de cesáreas, foi discutida a necessidade de investimentos dos hospitais em equipes multidisciplinares, incluindo, além dos médicos, enfermeiras obstetras.

“O desafio é modificar o sistema assistencial atual. O atendimento pode ser feito, por exemplo, por uma equipe de plantão que terá sempre um médico e uma enfermeira obstetra para realizar o parto”, disse a gerente executiva de Aprimoramento do Relacionamento entre Operadoras e Prestadores da ANS, Jacqueline Torres.

“A enfermeira obstetra poderá ficar na maternidade o tempo necessário para o médico só chegar e fazer o parto. Isso resolve muito mais o problema do médico do que apenas pagar mais a ele”, afirmou Rita Sanches, coordenadora da maternidade do Hospital Albert Einstein.

Nesse contexto, o médico e diretor da colaborativa pelo parto adequado do Institute for Healthcare Improvement (IHI), Paulo Borem, afirmou que não adianta somente pagar a mais para o médico.

“Se nós temos 90% de cesárea é porque o sistema todo foi desenhado para isso. Não é só alterar o pagamento que vai mudar essa realidade.”

O presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Etelvino Trindade, apontou como um dos grandes problemas da assistência ao parto no país a cultura medicocêntrica, ou seja, a centralização na figura do médico obstetra.

“No passado, as circunstâncias de trabalho eram diferentes, as tabelas vigentes eram consideras boas pelos médicos e até questões como o deslocamento do profissional na cidade eram mais fáceis. Hoje, o médico não consegue nem se deslocar em uma grande cidade para atender à urgência do parto.”

Dentro desses aspectos, Trindade acredita que o modelo atual de atendimento tem que ser revisto. “O parto é visto como uma urgência na medicina e a mulher precisa encontrar nos hospitais uma equipe multidisciplinar bem montada para atendê-la em uma hora tão importante.”

No entanto, ele não defende que o médico da gestante no pré-natal seja excluído dessa equipe. “O médico vai intervir no sentido de permitir melhores desfechos para a mãe e para o bebê.”

O treinamento para médicos e enfermeiras sobre parto natural também faz parte da proposta do grupo.

“Uma sugestão é que as operadoras de saúde paguem cursos. Treinamento faz com que o médico saia para o hospital dele e queira fazer um monte de coisa”, destacou Rita Sanches.

Paulo Borem tocou em um assunto ainda mais delicado, que é a internação de bebês nas UTIs neonatais.

“O trabalho pela redução da taxa de cesáreas no país também irá contribuir com a redução de internações de bebês nascidos de cirurgias eletivas em UTIs neonatais, liberando os leitos para prematuros e bebês com problemas congênitos”, finalizou.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

Compartilhe:

Dúvidas?
Envie sua pergunta para o

RESPONDE

acesse

Notícias Relacionadas: