Aprenda alguns truques caseiros para retirar agrotóxicos dos vegetais

17 de julho - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

Alimentos orgânicos costumam custar mais caro do que os cultivados com agrotóxicos, já que a dificuldade em defender os vegetais contra pragas sem usar produtos químicos é compensada no valor. Quem não tem poder aquisitivo para comprar orgânicos, no entanto, não precisa necessariamente encher o corpo com agrotóxicos, afinal, há truques caseiros capazes de retirar boa parte dos defensivos agrícolas dos alimentos.

O nutrólogo Roberto Navarro explica que quanto mais tempo um vegetal demora a crescer, mais probabilidade tem de receber pulverizações de agrotóxicos. Veja abaixo o que dá para fazer em casa com um produto comum nos lares brasileiros: o bicarbonato de sódio.

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

Alface: de acordo com Navarro, a alface é um alimento de crescimento rápido, por isso não recebe tanta pulverização de agrotóxicos. “Mesmo que receba, é uma folha que não tem polpa. O agrotóxico fica mais na superfície”, explica. Desprezar as folhas externas é um truque que elimina boa parte dos químicos, e lavar e deixar de molho em água com bicarbonato de sódio durante meia hora (1 colher de sopa para 1 litro de água) praticamente retira o agrotóxico preso na superfície. Depois é só lavar novamente para consumir.

Couve, repolho e outras folhas: lavar em água corrente e deixar de molho na água com bicarbonato de sódio por 30 minutos, e lavar novamente para retirar todo o produto.

Laranja: retirar a casca já acaba com o risco de consumir agrotóxicos.

Abacaxi: alguns usam a casca para fazer sucos, mas o ideal é descartá-la, se não for orgânica. Sem ela, a quantidade de agrotóxicos na polpa a ser é mínima.

Maçã: a maior parte dos agrotóxicos se concentra na casca, que, por sua vez, é rica em fibras e faz bem ao organismo. O truque é lavar em água corrente com uma escovinha e também deixar de molho no bicarbonato de sódio, pois vai reduzir o teor dos químicos.

Vegetais com casca: cenoura e outros vegetais carregam a maior parte dos agrotóxicos na casca. Lavar bem com uma esponja e deixar de molho na água com bicarbonato também reduz o problema – mas não o elimina completamente.

Tomate: é melhor comprar orgânico, já que os agrotóxicos penetram na polpa e de nada adianta deixar de molho em água bicarbonatada.

Morango: rico em vitaminas, mas rico também em agrotóxicos. Nesse caso, a melhor opção também é buscar pelo orgânico, pois nenhum truque caseiro consegue eliminar os pesticidas da fruta.

Como os agrotóxicos prejudicam a saúde

Navarro conta que hoje se sabe que os agrotóxicos podem ter papel maléfico sobre o sistema reprodutivo, aumentando o risco de esterilidade. Além disso, elevam a chance de problemas no fígado e podem levar a alterações no Sistema Nervoso Central, como dificuldades de cognição, memória e, o mais frequente, tendências a doenças degenerativas cerebrais, como Alzheimer e Parkinson.

“Não se sabe após quanto tempo de consumo as consequências virão, mas muitas vezes é um efeito cumulativo. A frequência e quantidade levam ao acúmulo no corpo, se ele não conseguir excretar”, explica. “Se a pessoa consome diariamente, vai ter consequência mais rápido do que quem consome duas vezes por semana, por exemplo”, detalha.

Ainda assim vale mais a pena consumir verduras, legumes e frutas com agrotóxicos do que simplesmente deixar de consumir os vegetais.

A oncologista do Hospital Sírio-Libanês, Laura Testa, explica que o malefício dos agrotóxicos para o organismo ainda não está completamente esclarecido.

“Temos alguns estudos mais antigos mostrando a associação entre o consumo de agrotóxicos, principalmente por trabalhadores, com linfomas e leucemia”, conta ela, dizendo que as substâncias foram declaradas como possíveis causadoras de câncer.

No entanto, afirma a médica, os estudos que mostram o aumento de casos de câncer em decorrência do consumo dos alimentos com agrotóxicos ainda têm algumas limitações.

“Eles não conseguem comprovar a causa de câncer em humanos. Em laboratórios, esses compostos [agrotóxicos] têm o papel de causar câncer, mas não temos dados suficientes para afirmar que o consumo deles – e em quais quantidades – provocará a doença”, explica.

Ela conta, porém, que alguns estudos mostram que quem consome mais alimentos com agrotóxicos parecem ter um risco mais elevado de ter câncer, mas que ainda não está claro se outros fatores de risco, como viver em zona urbana, ter mais contato com poluição e hábitos de vida menos saudáveis também contribuíram para esse aumento.

Apesar de considerar que as evidências ainda são frágeis, a médica recomenda, na medida do possível, consumir alimentos orgânicos. “Se a gente puder, obviamente é melhor para todo mundo. É melhor também para os trabalhadores que têm contato com esses agentes”, diz.

Forcinha para o fígado

O grande responsável por fazer um “detox” no corpo é o fígado. Para fazer um bom trabalho, ele precisa de combustível. Essa “gasolina do bem” vem de alimentos com compostos sulfidrílicos, como brócolis, couve, cebola e alho. Navarro explica que as especiarias de modo geral, como cravo-da-índia e orégano, são ótimas para ajudar o fígado no processo de detoxicação.

Antioxidantes, como a vitamina C das frutas cítricas, por exemplo, também ajudam o órgão no trabalho de mandar as substâncias nocivas dos agrotóxicos embora.

“Até suplementos vitamínicos – desde que não seja em dose excessiva – podem ajudar”, explica. As doses cavalares de suplementos vitamínicos têm efeito rebote e podem competir com outras vitaminas, criando um desequilíbrio nada saudável. Evite.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

Compartilhe:

Dúvidas?
Envie sua pergunta para o

RESPONDE

acesse

Notícias Relacionadas: