As 10 principais doenças da terceira idade
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que três em cada quatro idosos no Brasil sofrem atualmente com ao menos uma doença considerada crônica, como diabetes, hipertensão e perda de audição, por exemplo.
Especial do mês: Pensar o envelhecimento é fundamental para melhorar a qualidade de vida
Negligência é a principal forma de violência contra o idoso
Depressão atinge 11% da população idosa
A população idosa e o risco de quedas
Artigo – A fonte da juventude/Tão longe e tão perto
Você sabia… Que cerca de 50% dos casos de violência física contra idosos são praticadas pelos filhos ou parceiros?
Em um cenário em que a taxa de natalidade vem caindo, enquanto a expectativa de vida está crescendo, tanto a cidade quanto a sociedade precisam cada vez mais se preparar para poderem acolher e proporcionar uma melhor qualidade de vida àqueles que têm mais de 60 anos.
“Tão importante quanto identificar as doenças e medicá-las [doenças crônicas], é entender o quadro geral do idoso enfermo, de forma que o tratamento de uma enfermidade não impacte negativamente na outra”, explica o médico geriatra Alexandre Leopold Busse.
Para isso, usam-se hoje cada vez mais equipes multidisciplinares, que irão tratar essas pessoas utilizando outros métodos que não apenas os remédios, como terapia, acompanhamento com nutricionista e fisioterapeutas.
Segundo o especialista, as doenças que trazem maior mortalidade entre os idosos são as doenças cardiovasculares, que são o agrupamento da doença arterial coronariana e cerebrovascular (AVE). Já a doença crônica mais prevalente é a hipertensão arterial.
Busse indicou as dez principais doenças que mais atingem os idosos. Confira:
Doenças cardiovasculares – São as enfermidades que representam maior taxa de mortalidade entre os idosos. O grupo abrange as doenças arteriais coronarianas (DOC), que comprometem principalmente a região do coração, como infarto e angina do peito. Um dos fatores é o envelhecimento do próprio corpo, ocasionando um endurecimento das artérias, que pode levar a aumento da pressão. Sedentarismo, obesidade e tabagismo são alguns dos fatores que favorecem o aparecimento ou agravamento do problema; e o acidente vascular encefálico (AVE), antigamente conhecido como AVC, ou ainda como derrame, um problema ocasionado pela falta súbita de sangue no cérebro. As consequências dependerão de qual área cerebral foi afetada, podendo ocasionar problemas na locomoção, fala e movimentos.
Diabetes mellitus – Com o envelhecimento e mudanças no organismo, como aumento de gordura e perda de massa muscular, o corpo passa a não responder e processar tão bem a insulina e isso favorece o aparecimento da diabetes tipo 2. Isso pode provocar um efeito cascata, com consequência para os rins, coração e visão.
Catarata – Afeta uma parte do olho e atua sobre uma lente chamada cristalino, que com o passar dos anos vai ficando menos transparente, dando um aspecto opaco ao olho. Tratável, o acompanhamento permite identificá-la ainda em seu estágio inicial, facilitando o tratamento. Como a visão fica prejudicada, pode facilitar outro grande problema para idosos, o risco de quedas, que podem ocasionar fraturas.
Enfisema pulmonar – É uma doença que afeta o pulmão, também conhecida como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), decorrente principalmente do tabagismo ou da exposição excessiva à fumaça. O que agrava o quadro do paciente, com o avanço da idade, é que a fisiologia do órgão vai mudando, favorecendo o acumulo de secreções e ficando mais enrijecido.
Doença de Alzheimer – Não é um mal específico da velhice e não é normal o idoso apresentar sintomas relacionados às demências. Quando acontece, é um sintoma de uma doença clínica, podendo tanto ser o indicativo de doença de Alzheimer como também de depressão e requer uma investigação médica para identificar o real problema.
Perda de audição – É um processo normal da fisiologia do sistema de audição. Gradativamente vai perdendo-se, primeiramente, a capacidade de escutar sons agudos (mais fortes). Um fator que agrava a perda é o preconceito que ainda existe de usar o aparelho auditivo, impedindo o controle do problema e tornando ainda mais difícil a adaptação ao dispositivo.
Hipertensão arterial – Popularmente conhecida como pressão alta, segundo dados do Ministério da Saúde, afeta 35% da população brasileira e é responsável por 80% dos casos de derrame cerebral e 60% dos ataques cardíacos no país. É também a doença mais prevalente entre os idosos. Caso não seja feito controle, pode levar a várias complicações para a saúde, como insuficiência cardíaca, doenças coronárias ou mesmo um AVE (acidente vascular encefálico). Como não apresenta sintomas significativos, medir a pressão arterial com frequência auxilia na identificação e controle da enfermidade.
Depressão – Bastante recorrente em idosos, os sintomas nem sempre são fáceis de identificar em pacientes mais velhos, pois não se manifesta com os sintomas clássicos da doença, por isso que o médico e a família precisam estar atentos às queixas. Por exemplo, a queixa não precisa ser tristeza, mas sim a falta de prazer em fazer as coisas e dores atribuídas a queixas específicas.
Osteoporose – Atinge mais as mulheres, uma vez que está relacionada à diminuição da massa óssea, que já é menor no sexo feminino e tem uma diminuição significativa pós-menopausa. Isso torna os ossos mais fracos e a pessoa fica mais suscetível a fraturas, um grande problema para os idosos.
Osteoartrose – É uma doença das articulações, que causa deformidades e dores crônicas, em várias partes do corpo ou em região específica, podendo levar à diminuição das funções, como movimento das mãos e pés.
Busse destaca que todas as doenças têm tratamento ou controle, essencial para enfermidades que não têm cura e que evitam complicações do quadro geral do paciente.
“Quanto antes é feito o diagnóstico, mais efetivo é o tratamento. Com o avanço das doenças, pode-se optar por medidas paliativas, com o objetivo de conferir uma melhor qualidade de vida aos idosos, respeitando suas limitações e proporcionando maior conforto, à medida que a enfermidade avança”, explica o geriatra.
Segundo ele, “olhar especializado do geriatra contribui muito para um diagnóstico e tratamento mais assertivo”.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo