As mulheres e a chance ao novo: já pensou em testar o uso de coletor menstrual?
Toda mulher, um dia, passou por aqueles momentos constrangedores de, primeiramente, entender o que era o ciclo menstrual, depois falar sobre isso com a mãe, irmã ou amigas e, às vezes, ainda lidar com os percalços do uso de absorventes internos e externos. Muitas mulheres, agora, estão apostando em uma “revolução” nesse aspecto: o uso de coletores menstruais vem se tornando algo mais comum.
O coletor é um “copinho” projetado para ser usado de modo parecido com um absorvente interno. Durante a menstruação, o sangue é coletado por ele – feito de silicone especial para uso médico.
Não é exatamente um artigo novo. A primeira patente de um coletor menstrual (parecida com o que é vendido hoje) data de 1937. Foi feita por uma norte-americana, Leona Chalmers, que era atriz e escritora – e, como inventora nas horas vagas, trabalhou junto a ginecologistas para criar um meio de coletar o sangue menstrual mais conveniente e higiênico.
Acontece que os absorventes evoluíram, industrialmente, de modo mais ligeiro e com menos investimentos (o primeiro coletor era feito de borracha, material que sofreu uma grande crise durante a Segunda Guerra Mundial).
As mulheres, então (primeiro na América do Norte e na Europa e, mais recentemente, há bem poucos anos, no resto do mundo), voltaram a descobrir que aquela invenção, modernizada, podia ter mesmo muitas vantagens.
“O coletor vem sendo comentado e vem ficando mais conhecido principalmente por ser mais higiênico”, diz o Dr. Maurício Abrão, ginecologista, obstetra e coordenador científico do Centro de Reprodução Humana do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
De fato, a superfície de silicone, lavável, não absorve líquidos e não provoca alterações no ambiente vaginal, diferente dos absorventes comuns.
Para muitas mulheres, a questão é também de ecologia: o coletor evita o descarte de dezenas de absorventes a cada ciclo menstrual. Apesar de custar caro, entre R$ 70 e R$ 90 dependendo da marca, a maioria dos coletores promete entre 8 e 12 horas de proteção (dependendo do fluxo). Cada um pode durar vários anos (e pode ser levado dentro da bolsa, em um saquinho ou estojo, como se faz com o absorvente comum e o interno).
O coletor deve ser inserido dobrado, em formato de “U”. Sua flexibilidade faz com que ele se abra e se molde ao corpo. Depois de horas de uso, basta puxar pela haste, retirar, enxaguar e recolocar.
Após ser inserido, o coletor fica em posição mais baixa do que um tampão, o que deve facilitar a remoção. Entre um ciclo e outro, recomenda-se fazer uma limpeza mais profunda, com esterilização do produto em água fervente por 5 minutos.
“Diferente do absorvente, que retém o sangue em contato com a pele, esse coletor permite o descarte do líquido – o que faz muitas mulheres se sentirem melhor, menos incomodadas em sua rotina”, explica Abrão.
A grande maioria das mulheres que optam por usar os coletores sente alguma preocupação no começo, mas logo se adaptam. É possível fazer quase qualquer atividade com ele – e os relatos em consultório médico indicam que, mesmo parecendo grande, é muito flexível e não causa lesões no colo do útero ou problemas semelhantes.
“O produto é indicado para a mulher que tenha já iniciado a atividade sexual, em boa parte porque fica mais fácil para a colocação”, explica o ginecologista. Normalmente, o conforto no uso é total.
“O odor também se torna menor – e o coletor não atrapalha a mulher na hora de urinar ou de dormir. O risco de vazamentos, segundo consta, também é bem baixo, porque ele se adapta ao canal”, finaliza.
A maioria dos coletores vem em dois tamanhos, A e B ou 1 e 2. Os fabricantes sugerem um tipo para quem tem mais de 30 anos ou tem filhos e outro para mulheres com menos de 30 e sem filhos. Os detalhes vêm descritos na embalagem para saber qual é mais apropriado – e sanar as últimas dúvidas sobre essa “antiga novidade” cada vez mais em pauta.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo