Brasil: vice-campeão em número de cirurgias plásticas

18 de junho - 2014
Por: Equipe Coração & Vida

Cármen Guaresemin

Cirurgia plástica emagrece. O paciente se recupera rapidamente de uma lipoaspiração, afinal, é um procedimento simples. Implante de silicone atrapalha a amamentação. Cirurgias reparadoras não funcionam. Opiniões como essas mostram que, embora o Brasil seja o segundo país do mundo em número de cirurgias plásticas, o assunto ainda segue rodeado de mitos e confusões.

A lipoaspiração, por exemplo, é campeã das intervenções, mas muitos não a consideram uma cirurgia. “As pessoas acreditam que seja pouco invasiva e logo estarão bem, tomam como exemplo celebridades, porque veem fotos e pensam que aquela mudança foi rápida, indolor e sem riscos, mas isso é um engano”, diz o cirurgião plástico Rodrigo Arruda, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do corpo clínico do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

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Rodrigo Arruda, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica / Foto: Paulo Liebert

Pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) de 2011, com os dados mais recentes disponíveis, mostrou que naquele ano foram realizados 905.124 procedimentos no País, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com  1.094.146. Muitos acreditam que, por estarmos nos trópicos, onde o corpo fica mais em evidência, o brasileiro seja tão vaidoso e preocupado com a aparência.

Outros fatores importantes, segundo os estudiosos, seriam o momento econômico e o aumento da expectativa de vida. Nos últimos anos, não foi só a renda dos brasileiros que cresceu, mas também a faixa etária apelidada de “melhor idade”. Pessoas com mais de 65 anos têm procurado cada vez mais por plásticas, especialmente as faciais. Em dez anos, houve 50% de aumento.

As mulheres continuam sendo a maioria, mas o número de homens que se rendem à cirurgia plástica também tem crescido. Dados da SBCP de 2012 mostravam que em cinco anos o aumento havia sido de 25%.

Revelando os mitos

Arruda explica que a cirurgia plástica é uma especialidade que abrange inúmeros procedimentos, mas basicamente está dividida em estética e reparadora. No primeiro caso, a pessoa muda algo que a incomoda, no segundo, a correção se faz necessária por causa de um acidente, agressão física ou doença. A pedido da reportagem do site Coração e Vida, o especialista  ajuda a revelar alguns dos mitos mais comuns sobre o tema.

Voltando à lipoaspiração, o médico lembra que um mito muito difundido é o de que esse tipo de intervenção emagrece. Segundo ele, o efeito esperado não é esse, mas a melhora do contorno do corpo e a diminuição de medidas. Resumindo: o paciente acaba mudando o número do manequim.

“As pessoas precisam saber que a lipoaspiração ou a redução de mamas não emagrecem. Em alguns casos, inclusive, o paciente precisa perder peso antes da operação. Além disso, como qualquer intervenção, há riscos. São mínimos, mas existem”.

No caso das mamas, há muitas dúvidas que envolvem a colocação de silicone, como o surgimento de câncer, a inviabilização da realização de exames ou mesmo da amamentação. “São todas inverdades”, diz Arruda. “O implante mamário não causa câncer. Ele é um auxiliador das técnicas cirúrgicas após uma mastectomia, por exemplo, em mulheres que tiveram câncer. A presença do implante não atrapalha a detecção e diagnóstico de lesões benignas ou malignas das mamas em exames como ultrassom, mamografia e ressonância. Também não impede a amamentação.”

Já rupturas no implante podem acontecer, seja por causa do tempo de uso (longa permanência) ou, principalmente, pela baixa qualidade do material utilizado. É necessário, durante a rotina ginecológica, que a paciente também faça exame físico e radiológico das mamas.

Cirurgias reparadoras

“Os procedimentos reparadores, normalmente, são realizados em caráter de urgência, requerem mais de uma cirurgia e utilizam técnicas específicas caso a  caso. Num primeiro momento, priorizamos a preservação das funções  dos tecidos. Num segundo, os princípios e toda técnica da cirurgia estética serão usados para minimizar o defeito primário”, explica Arruda.

As áreas de abrangência mais comuns são: tumores cutâneos (benignos e malignos), feridas complexas (queimaduras, perdas de tecido por trauma, úlceras da pele e escarras), reconstruções de mamas, microcirurgias, traumas e doenças congênitas da face.

O especialista cita, por exemplo, a reconstrução mamária, que possui várias técnicas e costuma ser complexa. Isso acontece porque, geralmente, é retirada apenas uma das mamas. Com a cirurgia reparadora, a mulher espera que a nova mama fique idêntica à outra. Para se chegar a este resultado, no entanto, às vezes é  preciso se submeter a três ou quatro procedimentos.

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Cuidados antes e pós cirurgia garantem um bom resultado

O cirurgião plástico Rodrigo Arruda, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do corpo clínico do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, explica que o primeiro passo antes de uma cirurgia é fazer uma ampla pesquisa clínica sobre o paciente. Saber as condições de saúde, física e psicológica, histórico, antecedentes cirúrgicos, alergias, quais medicamentos ingere com frequência, os hábitos e vícios e os antecedentes familiares.

No pré-operatório, são solicitados exames e, quando necessário, a opinião de outros especialistas como cardiologistas, endocrinologistas e pneumologistas.

Arruda faz questão de mencionar a distância entre a insatisfação com o corpo e a expectativa de resultados. Lembra que existem limitações anatômicas e étnicas a serem respeitadas. Portanto, outro mito a ser quebrado: cirurgias plásticas não fazem milagres.

Antes da cirurgia, alguns medicamentos devem ser evitados, como o ácido acetilsalicílico, que possui ação anticoagulante. Há restrições, ainda, a anti-inflamatório, heparina e até produtos que parecem inofensivos, pois podem causar sangramentos excessivos. A associação do anticoncepcional com o cigarro deve ser evitada, pois pode ocasionar trombose ou embolia.

Importância do centro cirúrgico

Como em qualquer outra cirurgia, alerta Arruda, a plástica deve ser feita em um centro cirúrgico. “Se houver algum imprevisto, é preciso estar em um hospital com toda a retaguarda possível, incluindo profissionais de outras especialidades, emergência e UTI, para minimizar qualquer problema.”

Já o período intra operatório é aquele no qual a pessoa será submetida à cirurgia propriamente dita: “Medidas profiláticas para se evitar trombose venosa e embolia pulmonar, intercorrências clínicas mais temidas pelos cirurgiões, devem ser tomadas. O uso de meias elásticas e de um massageador para os membros inferiores, que estimulam a circulação do sangue, são obrigatórios.”

O pós-operatório é a etapa mais longa e importante de uma cirurgia plástica, seja estética ou reparadora. Pacientes que não seguirem as prescrições podem ter complicações como expansão da cicatriz, abertura de pontos, acúmulo de sangue ou, até mesmo, a perda do resultado da intervenção.

Recuperação leva até 18 meses

Uma série de fatores influencia no resultado de uma cirurgia. Repouso e restrição às atividades físicas são importantes. Boa ingestão de líquidos, excluindo bebidas alcoólicas ou gaseificadas, e seguir a orientação alimentar do  médico ou nutricionista são recomendações  importantes.

O processo de cicatrização, dividido em três fases, é longo e leva aproximadamente 18 meses. Com isso, curativos especiais, cremes e procedimentos complementares como laser são indicados para um bom resultado final. Para o cirurgião plástico, existe um tripé que faz uma plástica, especialmente a lipoaspiração, ter um efeito duradouro: manter uma boa alimentação, fazer exercícios físicos e ter feito um bom procedimento cirúrgico.

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