Caia na folia com segurança: guia prático para curtir o carnaval com saúde
Não é brincadeira: no meio de tanta folia, é preciso ter responsabilidade para curtir o carnaval com segurança e muito pique, já que as consequências futuras podem ser bem chatas, afinal, ninguém gosta de lidar com uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) porque deixou de usar preservativo, certo? E quem aprecia ter a festa interrompida por uma virose oportunista? Esses problemas podem ser afastados por meio da prevenção. Veja dicas para curtir a folia com saúde e segurança.
Comece a cuidar da alimentação agora
Uma das coisas mais importantes para curtir o carnaval com muita energia é alimentar-se bem. “É muito comum priorizarmos uma boa alimentação, pois normalmente queremos uma forma física melhor no carnaval, e isso acaba sendo um ponto forte. O problema é abandonar essa boa alimentação durante e depois da festa”, explica a nutricionista Edvânia Soares.
Por essa razão, ela recomenda que as pessoas reduzam o consumo de alimentos industrializados – especialmente os ultraprocessados – e substituam por alimentos naturais e frescos, como legumes, verduras, frutas e carnes magras.
“É preciso fazer uma dieta com mais qualidade, não pensando tanto na quantidade”, diz ela, já que os alimentos saudáveis saciam mais do que aqueles ricos em carboidratos refinados.
Além disso, a ingestão de água deve ser frequente durante a folia. “Se não conseguir ingerir água, a água de coco também pode ser usada. E, claro, para quem for beber, é importante intercalar as bebidas alcoólicas com água”, aconselha a nutricionista.
Atenção com a imunidade
Edvânia explica que o consumo excessivo de álcool e gordura durante o carnaval é capaz de interferir negativamente na microbiota intestinal. Por essa razão, ela recomenda – para quem não tem nenhum problema de saúde – a suplementação preventiva de glutamina (5g ao dia, ao deitar-se) e lactobacilos probióticos, pois eles vão melhorar a permeabilidade intestinal e a imunidade como um todo.
“Além disso, o ômega-3 também é um anti-inflamatório e vai ajudar a fortalecer a imunidade”, diz.
Outra recomendação é continuar com todos esses cuidados com a alimentação depois do carnaval. Por causa das mudanças na rotina, o descuido logo depois das festas pode levar a uma queda na imunidade, deixando a pessoa mais suscetível a pegar doenças infectocontagiosas.
Sexo seguro, sempre
O ginecologista Alexandre Pupo Nogueira explica que, além do HIV, atualmente uma das maiores preocupações para o carnaval é o aumento de casos de sífilis, que desta vez também pode ser provocada por uma cepa diferente da bactéria, resistente à maioria dos antibióticos disponíveis. Com isso, limita-se as possibilidades de tratamento e aumenta o custo dele, embora ainda seja possível resolver o problema.
“Dados recentes do Ministério da Saúde têm demonstrado uma elevação nos casos de sífilis e HIV, principalmente entre jovens na faixa dos 20 a 29 anos de idade. Nesses mesmos dados, percebe-se que houve diminuição do uso de camisinha nessa mesma população”, preocupa-se Nogueira.
E pegar sífilis não é brincadeira: doença antiga, ela apresenta três estágios quando a pessoa é contaminada. “Primeiramente é a sífilis primária, uma lesão oro-genital única, indolor, que dura cerca de sete dias e desaparece. Se não tratada, de um a dois meses – eventualmente até seis – a pessoa terá a sífilis secundária, que são pápulas avermelhadas pelo corpo, e que permanecem por poucos dias, desaparecendo em seguida”, explica o ginecologista.
O problema é que, como as lesões desaparecem em poucos dias, muitas vezes a pessoa não identifica esse evento como algo anormal, e não busca ajuda médica. E aí acontece a sífilis terciária. “É quando ela pode se manifestar em meningite, encefalite, com taxas de mortalidade altas”.
A melhor coisa, então, é não contrair sífilis. E é simples: basta usar preservativo nas relações sexuais e fazer testes periódicos de pesquisa da doença, para que, se houve o contágio, que ela seja identificada antes de causar grandes danos.
“Todos os foliões devem se proteger adequadamente. Existe um comportamento no carnaval que, além da alegria e da festa, há a associação perigosa de álcool, abuso de drogas lícitas e ilícitas e atividade sexual. Diante da presença dessas drogas que causam alteração na percepção sensorial, a pessoa eventualmente pode não perceber o risco que está correndo”, alerta o médico.
“Os números de casos de sífilis são constrangedores, inclusive em países que consideravam a doença controlada e tiveram o primeiro óbito por sífilis em mais de 30 anos. Parece o século 16”, finaliza Nogueira.
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Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo