Cardiologia brasileira é uma das mais avançadas, diz ministro

26 de dezembro - 2014
Por: Equipe Coração & Vida

Fotos: Eramo Salomão

Thassio Borges

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, concedeu entrevista exclusiva a Coração & Vida e elogiou as atuais condições da cardiologia brasileira. De acordo com ele, o país conta atualmente com hospitais de excelência para a área, especialmente no Sudeste. Também em entrevista ao portal, Roberto Kalil Filho, diretor do Instituto do Coração (InCor) e do Sírio Libanês já havia destacado o cenário brasileiro ao afirmar que contamos atualmente com ótimos equipamentos para diagnósticos rápidos e eficazes de cardiopatias.

Confira a seguir as declarações de Chioro, especialista em saúde coletiva, que assumiu o cargo no início de 2014:

Coração & Vida – Sabe-se que nas últimas décadas a tecnologia de ponta facilitou diagnósticos, ajudou a prevenir o avanço de algumas doenças e revolucionou muitos tratamentos em cardiologia. Quais os esforços que estão sendo feitos hoje pelo Ministério para oferecer à população acesso a esses recursos da medicina?

Arthur Chioro – A cardiologia brasileira é uma das mais avançadas do mundo. O Brasil foi o segundo país a realizar transplante cardíaco, um dos primeiros a fazer cirurgias corretivas abrindo o peito do paciente e mais recentemente por vídeo. Milhares de vidas são salvas todos os anos em hospitais de excelência como o Incor, em São Paulo, e o INC, no Rio de Janeiro que recebem pacientes graves do Brasil todo e profissionais de outros países para intercâmbio.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil. Em 2012, foram notificadas 333.295 mortes. A assistência de alta complexidade em cardiologia ganhou reforço de mais 23 serviços habilitados em 20 municípios, somando um repasse anual de recursos de R$ 48,7 milhões. Com as novas habilitações, a rede de assistência de alta complexidade em cardiologia passou a contar com 226 Unidades de Assistência e 45 Centros de Referência em Alta Complexidade Cardiológica, distribuídos por todos os estados e Distrito Federal. Além desses, há em avaliação no Ministério outros 25 processos de solicitação de habilitação em serviços de alta complexidade cardiológica que, se aceitos, somarão um recurso novo repassado de R$ 48,4 milhões.

Entre as novidades na área de Média e Alta Complexidade, estamos em processo de discussão da Linha de Cuidado à Saúde da Criança e Adolescente Cardiopata, com o objetivo de oferecer melhor assistência à população infantil e adolescente em cardiologia, em todos os níveis de atenção. Consequentemente, essa medida aumentará o acesso dessa população aos recursos médicos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).

C&V – Neste ponto específico (tecnologia de ponta empregada pela Medicina), o Brasil ainda deixa a desejar a outros países, considerados desenvolvidos?

AC – O Brasil conta com a maior rede de saúde pública do mundo e, pela complexidade e dimensões do país e do SUS, um dos desafios dos gestores é o de ampliar e garantir a oferta de serviços para a população. No caso do atendimento cardiológico, o país tem como destaque a recente assinatura da portaria de disponibilização do medicamento trombolítico do SAMU em complementação da Linha de Cuidado do Infarto do Miocárdio.

Há também o Tele Eletrocardiograma realizado pelo SAMU. Iniciada em 2009, essa ação consiste na instalação de Tele-eletrocardiógrafos (monitores) digitais e portáteis em ambulâncias de Suporte Avançado de Vida (UTI móvel) do SAMU. Até o momento, já foram implantados 595 equipamentos, sendo 159 nas Unidades de Suporte Básico (USB) e 436 nas Unidades de Suporte Avançado (USA), em todo país. Em cada unidade, são treinados médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem responsáveis pelo manuseio do aparelho e interação com a central de Telemedicina do Hospital do Coração (HCor). Além disso, é fornecido, para cada ambulância, um celular pré-pago que faz o envio do eletrocardiograma (ECG) realizado na ambulância. Através deste sistema de telefonia, o médico também pode receber o laudo do exame e discutir a possível conduta clinica a ser adotada, com a orientação do cardiologista do HCor. O tempo médio entre o envio do ECG e retransmissão do laudo é de 3 a 4 minutos. Esse sistema já permitiu a realização de 21 mil exames.

C&V – Em 2013, o total de transplantes cardíacos realizados no Brasil aumentou 19%. Ainda assim, a taxa de 1,4 pmp (por milhão de pessoas) ainda é considerada baixa em comparação com outros países. Quais são as medidas que estão sendo tomadas para aumentar ainda mais o atendimento a esses pacientes e elevar a taxa de sucesso dos transplantes?

AC – A área de transplantes é uma das mais bem-sucedidas do Sistema Único de Saúde (SUS), constituindo o maior sistema público do mundo. O Brasil é referência mundial nesse campo, realizando 95% dos procedimentos pela rede pública e conveniada ao SUS. Incluindo nas cirurgias envolvendo coração, com aumento de 60% na quantidade atendimentos entre 2010 e 2013.

Nos últimos anos, houve um esforço muito grande por parte do Ministério da Saúde em criar novos centros de transplantes. Entre 2010 e 2013, houve aumento de 12,4% na quantidade de serviços habilitados pelo Ministério da Saúde para realizar transplantes no país, passando de 660 para 742.

Quanto ao atendimento, entre 2010 e 2013 os transplantes de maior complexidade foram os que mais cresceram no país. Os avanços concentram-se, sobretudo, nas cirurgias de órgãos sólidos, em que o crescimento foi de 18% no período, chegando a 7.579 atendimentos. Nesta categoria, destaca-se o transplante de coração, com aumento de 60%. Embora os procedimentos considerados mais complexos não sejam os de maior número, eles exigem melhores serviços e equipes, desde a organização da captação de órgãos até a cirurgia e acompanhamento da recuperação dos pacientes. Em 2013 foram 268 transplantes de coração e 2.113 de medula óssea.

C&V – O ministério anunciou que as ambulâncias do Samu passarão a contar com medicamentos trombolíticos, que podem diminuir em até 17% o número de mortes por infarto agudo do miocárdio. Que outras medidas estão sendo implantadas ou já foram adotadas para a prevenção ou combate de doenças cardíacas em âmbito nacional? O Sr. avalia que o acesso aos medicamentos melhorou nos últimos anos?

AC – Em cardiologia, o tempo é crítico para poupar a função do coração. O acesso ao diagnóstico e o tratamento de urgência foram ampliados com as consultas de segunda opinião por telemedicina e pelo atendimento pré-hospitalar em que o paciente já recebe a melhor terapia enquanto é socorrido para o hospital da especialidade. Recentemente, o SAMU passará a contar com medicamentos trombolíticos, que podem diminuir em até 17% o número de mortes por infarto agudo do miocárdio – medicamento já disponível nos hospitais de emergência.

Em dezembro de 2013, foram firmadas parcerias para o desenvolvimento produtivo que a transferência de tecnologia para os laboratórios públicos. Para a área da cardiologia estão previstas nove parcerias para produção nacional de equipamentos como marca-passos, eletrodos, stents coronário e arterial, desfibriladores e cateteres.

De fato, o acesso a medicamentos melhorou bastante nos últimos anos. Criamos a Linha de Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e o Protocolo de Síndromes Coronarianas Agudas (SCA), que garantiram a incorporação de medicações (alteplase, tenecteplase e clopidogrel), além do exame dosagem de troponina, o tratamento do IAM e da SCA e a Angioplastia Primária. Desde a aprovação da Linha de Cuidado do IAM, o Ministério da Saúde disponibilizou quase R$ 35 milhões/ano para o custeio de ações.

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