Thassio Borges

A chegada do inverno alterou de forma significativa o cenário da dengue na cidade de São Paulo. Graças às baixas temperaturas e aos fracos índices de chuva, a Secretaria Municipal de Saúde registrou somente um caso da doença na segunda semana de julho e cinco nos primeiros sete dias do mês.

Os números são consideravelmente inferiores aos registrados no ápice da crise que atingiu a cidade, entre março e maio deste ano. Para se ter uma ideia, na pior semana até agora, em abril, foram notificados 2.508 casos da doença. Em 2013, de janeiro a dezembro, foram 2.617 pacientes diagnosticados com dengue.

Veja aqui como reconhecer e tratar a dengue

O surto da doença em São Paulo nos primeiros seis meses e meio de 2014 representa um recorde para a cidade. No total, 15.969 pessoas foram infectadas, o que resultou em 12 mortes, as últimas duas registradas na segunda semana de julho. Se o número de casos apresenta uma trégua em relação a um dos piores períodos dos últimos anos, o combate ao mosquito Aedes Aegypti não deverá sair do foco da Prefeitura de São Paulo e muito menos dos paulistanos.

Em contato com o Coração & Vida, a Secretaria de Saúde da cidade frisou que a diminuição no número de casos ocorre graças à chegada do inverno e também à queda nas precipitações na cidade. Dessa forma, informou a pasta, o combate à doença está sendo focado em bairros que apresentam maior incidência nos últimos meses. A orientação à população, de forma geral, no entanto, segue inalterada.

A Secretaria pretende divulgar ainda nesta semana o calendário com as próximas ações referentes ao combate da dengue em bairros mais impactados da cidade. São Paulo apresenta atualmente uma taxa de incidência de 141,9 casos de dengue para cada 100 mil habitantes, o que caracteriza o cenário como “contaminação de nível médio” na classificação do próprio Ministério da Saúde.

Coração & Vida abordou o tema da dengue ao final do mês de junho e trouxe a avaliação de Lúcio Freitas, coordenador de Bioensaios do Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM), que alertou para a necessidade de trabalhar desde já para evitar a repetição do cenário em 2015. “Sabemos que no ano que vem teremos um novo período de transmissão, como já acontece nos últimos 20 anos, e temos que nos preparar antes”, explica o pesquisador, que é especialista em doenças negligenciadas, como malária, dengue e leishmaniose.

“A dengue é um problema mundial. Há casos da doença na América Latina, em muitos países africanos e também em países ricos, como Austrália e Singapura. A questão de ser cada vez mais incidente no Brasil está relacionada a vários fatores. Há, por exemplo, as grandes e desorganizadas concentrações humanas, como favelas e outros lugares que não propiciam condições ideais de moradia. Esses espaços facilitam a progressão do mosquito da dengue”, completa Freitas.

Coração & Vida continuará acompanhando o combate e a prevenção à dengue nos próximos meses. Ainda nesta semana, você irá conferir uma entrevista exclusiva com a coordenadora do Programa Municipal de Controle da Dengue, que abordará os próximos passos adotados pela Prefeitura de São Paulo no combate à doença.