Chupeta pode ser prejudicial ao desenvolvimento?

05 de novembro - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

Por Rafaela Carrilho

O reflexo de sucção começa ainda dentro do útero, preparando o bebê para mamar no peito da mãe ao nascer. A sucção também exerce uma função não nutritiva, proporcionando sensação de bem-estar e prazer. Portanto, no aleitamento materno exclusivo e em livre demanda, a criança tem suas necessidades nutricionais e de bem-estar atendidas.

Nosso organismo, porém, tende a repetir padrões que geram efeitos positivos. Sugar o seio materno, recebendo também carinho e atenção, gera uma sensação boa para o bebê. Assim, alguns deles gostam de reproduzir essa experiência em diversas ocasiões, fazendo do uso da chupeta um hábito.

Se optar pela chupeta, o ideal é oferecer ao bebê somente após o primeiro mês de vida - Foto: Shutterstock
Se optar pela chupeta, o ideal é oferecer ao bebê somente após o primeiro mês de vida – Foto: Shutterstock

Segundo a pediatra Flávia Nassif, do Hospital Sírio-Libanês, muitas crianças têm o hábito de usar a chupeta até a faixa etária de 18 a 24 meses. O ideal é que este costume não ultrapasse os três anos de idade, pois ele pode ter impacto prejudicial à cavidade oral, causando complicações como mordida cruzada e falha na oclusão dentária (encaixe dos dentes superiores com os inferiores).

Outros possíveis problemas causados pela chupeta, de acordo com a especialista, envolvem atraso no desenvolvimento da fala, aumento do risco de otites recorrentes, maior incidência de cáries e risco de acidentes com partes que possam se desprender da peça.

O acessório ainda pode induzir à confusão de bicos: “crianças que usam a chupeta posicionam a língua de forma errada na hora da amamentação. Quando não conseguem retirar o leite, choram de fome e rejeitam o seio materno, favorecendo o desmame precoce”, explica a Dra. Flávia Nassif. Além disso, a falta de estímulo à sucção do seio pode causar a redução na produção de leite.

Leia também: 6 benefícios da amamentação

Quando usar?

Se optar por oferecer a chupeta, o ideal é introduzi-la somente após o primeiro mês de vida, limitando o uso a momentos verdadeiramente estressantes ou para ajudar a criança a dormir. Estimular o uso deliberado pode aumentar todos os riscos já citados, além de dificultar a retirada posteriormente.

Existem as chupetas de silicone e as de látex. O primeiro tipo tem mais durabilidade e é mais fácil de higienizar, enquanto o segundo é mais macio. O formato ortodôntico deve ser priorizado em relação ao arredondado, pois foi desenvolvido para não interferir no encaixe da mandíbula. Em relação ao tamanho ideal, vale seguir a recomendação do fabricante para cada faixa etária.

Dicas para tirar a chupeta da rotina

Para que a criança elimine este hábito de vez, a pediatra Flávia Nassif dá alguns conselhos para os pais:

– Reduza o tempo de uso para começar a desacostumar seu filho. Quando a criança adormecer, retire o acessório da boca;

– Não deixe a chupeta em local de fácil acesso ou presa às roupas;

– Com as crianças mais velhas, é possível conversar e propor uma troca por um brinquedo interessante em uma data combinada;

– Uma vez retirada a chupeta, não volte atrás. Em vez disso, tente consolar seu filho de outra forma, mostrando os benefícios de crescer e deixar velhos hábitos para trás.

Leia mais: 10 perguntas comuns no consultório do pediatra

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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