Colar de âmbar: o que é e para que é usado?

27 de fevereiro - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

É cada vez mais comum vermos bebês usando colares de pedrinhas marrons. O item promete aliviar as dores e desconforto do nascimento dos primeiros dentinhos, mas pode causar morte por asfixia e sufocamento. Até mesmo a modelo Gisele Bündchen apareceu em uma foto com a filha usando o acessório.

O colar é feito de âmbar, uma resina vegetal encontrada na região dos Bálticos, que teria o efeito analgésico e anti-inflamatório natural ao entrar em contato com a pele do bebê. No entanto, ainda faltam estudos científicos que comprovem o fato.

O uso de qualquer tipo de colar ou corrente em bebês não é recomendado pela Academia Americana de Pediatria.

“Os colares de âmbar são de uso secular na Europa, originário da região Báltica, tendo como princípio ativo o ácido succínico, contido nas pedras de âmbar, cuja liberação se daria com o contato com a pele, produzindo alterações no sistema imunológico, nervoso e metabólico. Todavia, não há comprovação científica que o uso desse tipo de colar traga benefício real para os lactentes. O que encontramos são relatos de experiências pessoais subjetivas”, explica Renata Rodrigues Aniceto, membro do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

Ainda assim, muitas mães relatam melhora nos sintomas da primeira dentição, como dores, inchaço na gengiva e febre. O acessório, para ter o efeito desejado, deve ser usado em contato direto com a pele e há, além dos colares, versões em pulseiras e tornozeleiras.

Com a popularização, começaram a surgir peças que não são feitas de resina de âmbar dos Bálticos e, com isso, não se tem o efeito desejado.

Para saber se o item é original, alguns testes podem ser feitos. Um dos mais fáceis é colocar o colar em água do mar ou solução salina com concentração de sal idêntica. Se for verdadeiro, flutuará. Se for plástico ou copal, afundará.

Pode-se ainda friccionar a resina em um pedaço de tecido de lã, por exemplo, pois o âmbar gera eletricidade estática e, ao colocar perto de pedacinhos de papel, ele os atrairá. Outro detalhe que pode ser observado é sentir a temperatura, o âmbar verdadeiro é morno ao toque.

O item ainda deve ser usado com cautela pelos pais, pois pode haver risco de asfixia do bebê, ou ainda a criança conseguir abrir o fecho e colocar o objeto na boca e se engasgar. Por isso, recomenda-se a supervisão de um adulto e a retirada do produto ao dormir.

“O maior risco é de morte por sufocação, asfixia e, ainda, o risco de quebra do colar com ingestão das pedras pelo bebê. Considerar também a possibilidade de falsificação do colar com uso de pedras que podem ser irritantes para a pele do bebê”, exemplifica Renata.

Os cuidadores devem avaliar os prós e contras ao optarem pelo acessório.

“Os pediatras e os odontopediatras não recomendam o uso de colares ou cordões em bebês, quer seja na região do pescoço ou fixados nas roupas que eles vestem, pelos riscos de sufocação e engasgo, além da ausência de evidência que mostre a eficácia do funcionamento no intuito de aliviar os sinais e os sintomas da dentição”, ressalta a especialista da SBP.

Para quem optar pelo uso, é preciso seguir as recomendações e ficar atento ao bebê, percebendo, por exemplo, se o colar não está muito justo ou grande demais para a criança, ou se o fio possui um nó entre cada conta, evitando que todas caiam em caso de ruptura.

A médica da SBP lembra ainda que o nascimento dos dentes e seus sintomas são reações naturais do organismo e transitórias, e que há medidas alternativas que podem ajudar os bebês e os pais nessa fase.

“Algumas alternativas para alívio do incômodo são medidas físicas através do uso de mordedores gelados, com objetivo de adormecer a gengiva, medicamentos à base de anestésicos tópicos, cada vez menos utilizados e, também, preparações à base de camomila, que teriam um efeito anti-inflamatório e sedativo leve, com boa resposta sobre a maioria dos sintomas, sem relato de efeitos adversos”, orienta a pediatra.

Um bebê de apenas 1 ano e 6 meses teve sua morte atribuída ao colar de âmbar, em Fontana, no estado da Califórnia. A criança dormia na creche quando se asfixiou. O menino chegou a ser socorrido e passou 5 dias hospitalizado, mas não resistiu.

Fique de olho

Se a opção for usar o acessório, alguns cuidados devem ser tomados:

– Preste atenção ao bebê quando está com o colar, como se comporta? Tenta puxar? Fica irritado?

– Fique atento ao tamanho do colar, que não deve ser muito apertado nem muito comprido.

– O fecho deve ser de rosquear e recoberto por âmbar, e deve apresentar dificuldade para o bebê abrir.

– Não deixe a criança dormir com o colar, evitando que se enforque ou sufoque.

– Retire no banho, evitando o desgaste do cordão.

– O fio deve ter um nó entre cada conta, evitando que, no caso de rompimento, todas caiam, oferecendo maior risco à criança, que pode engolir as contas ou ainda colocar no nariz ou ouvido.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

Compartilhe:

Dúvidas?
Envie sua pergunta para o

RESPONDE

acesse

Notícias Relacionadas: