Como combinar cirurgia funcional com uma plástica?
Por que não aproveitar aquela retirada de vesícula já programada para dar uma recauchutada no nariz? Ou aquela cirurgia inevitável de extração do útero para mandar embora um pouco da gordurinha da barriga? Saiba que combinar cirurgias funcionais com cirurgias plásticas é uma prática comum, mas que requer planejamento e conversa entre os cirurgiões.
Especial do mês: Cirurgia reparadora: uma beleza a mais
Planejando uma cirurgia plástica? Confira cuidados antes e depois
Transtornos de imagem podem levar a cirurgias plásticas desnecessárias e até perigosas
Você sabia… Que a plástica foi desenvolvida após a 1ª Guerra Mundial?
A principal vantagem de combinar uma cirurgia para melhorar a saúde com um procedimento estético é que a recuperação é uma só.
“Além disso, sai mais barato por causa da equipe e da internação. O paciente vai pagar apenas uma anestesia e ainda pode ter um desconto na parte hospitalar”, explica o cirurgião plástico Wendell Uguetto, do Hospital Albert Einstein.
Cirurgias ginecológicas, de acordo com Roberto Menezes Zatz, cirurgião plástico do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, costumam poder ser feitas junto com uma plástica.
“Sendo uma cirurgia estética de pequeno porte, já que a parte mais importante é a funcional, não tem contraindicação.”
Mas não adianta avisar o médico de última hora que, quando for extrair a vesícula, vai também consertar uma orelha de abano, que já foi previamente combinado com o cirurgião plástico. É preciso que os dois especialistas avaliem o caso juntos e se conheçam também, para que possam atuar com mais harmonia dentro da sala de cirurgia e decidir quem começa o procedimento.
“Quando é uma cirurgia de nariz, por exemplo, o otorrinolaringologista faz a parte funcional primeiro e depois o cirurgião plástico faz a estética”, exemplifica Uguetto. “Mas muitas vezes não importa, seguimos apenas uma sequência lógica.”
O tempo de cirurgia, obviamente, também é maior, no caso de cirurgias associadas. Com isso, aumenta-se levemente o risco do procedimento, mas, segundo Uguetto, não é nada para se preocupar.
“É como um avião, como se o paciente tivesse que pegar um voo de São Paulo ao Rio de Janeiro, e outro de São Paulo para Dubai. O protocolo para o avião decolar é o mesmo, aumenta apenas o tempo de viagem, o que seria o risco”, exemplifica.
O pós-operatório, no entanto, é acompanhado pelos dois médicos. “Por isso, é preciso haver entendimento entre os dois profissionais”, explica Zatz.
Contraindicações
Quando a pessoa precisa fazer uma cirurgia oncológica para retirada de um tumor, por exemplo, não é indicado associar um procedimento estético.
“Cirurgias gastrointestinais ou abdominais, mas que tenha de mexer em algo intestinal, também não são indicadas para associar”, explica Uguetto.
Os médicos também não associam cirurgias de emergência, como uma fratura, com uma cirurgia plástica, já que o procedimento estético pode trazer danos ao paciente naquele momento.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo