Como criar um filho com saúde?
Saúde de criança é coisa séria, ninguém pode negar. Por isso mesmo, é muito comum ver os pais cheios de dúvidas sobre como garantir uma vida saudável e segura para seus filhos.
Crianças sofrem de privação do sono, afirma estudioso
Você sabia… Que crianças com contato musical aprendem a ler e escrever com mais facilidade?
Para tentar esclarecer as principais questões sobre esse assunto, Coração & Vida ouviu o pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein e integrante do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria, José Gabel, que defende que os cuidados com a criança comecem ainda na barriga da mãe.
Segundo o especialista, os exames pré-natais podem oferecer diagnóstico precoce de doenças maternas, como hipertensão e diabetes gestacional, além de eventuais problemas no feto, como infecções e má-formação fetal.
“De maneira geral, a mulher e o seu corpo passam por várias transformações, e hábitos e atitudes devem ser reavaliados, focando em alimentação saudável, exercícios físicos e acompanhamento pré-natal.”
Passada essa fase tão importante na formação da criança, vem algo não menos relevante: a amamentação.
O pediatra explica que a amamentação é o primeiro ato de cuidado da mãe com o seu filho, pois favorece o acolhimento daquele bebê que acaba de nascer, estimula a interação entre mãe e bebê e, ao mesmo tempo, oferece à criança todos os nutrientes fundamentais para que ela se desenvolva adequadamente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais.
“Há fortes evidências de que o leite materno protege contra diversas doenças, como diarreia, infecções respiratórias, alergias, hipertensão, colesterol alto, câncer de mama e diabetes. O leite reduz a chance de obesidade e contribui para o desenvolvimento cognitivo e também da cavidade bucal”, explica Gabel.
A higiene também é um cuidado básico que não deve ser esquecido, independente da idade da criança. Segundo o médico do Einstein, essa atenção com a limpeza deve começar desde a infância.
“A falta de limpeza pessoal pode gerar uma série de problemas e a proliferação de doenças infectocontagiosas. Higiene e saúde estão diretamente ligadas”, diz.
Esse hábito deve se estender à higiene bucal das crianças. Os pais precisam estimular desde cedo o costume de escovar os dentes após as refeições e antes de ir para a cama.
A Sociedade Brasileira de Pediatria, em concordância com as recomendações da Academia Americana de Pediatria, recomenda que crianças a partir do primeiro dente usem uma escova macia e uma quantidade de pasta que equivale a um grão de arroz.
Antes do primeiro dente, porém, é recomendado utilizar apenas uma gaze ou toalha limpa para a higienização da gengiva.
Com relação ao uso do flúor, há divergências sobre se ele deve ser usado ou não antes dos seis anos de idade.
“A maioria dos cremes dentais indicados para a faixa etária 0 a 5 anos não contém flúor, mas a Academia Americana de Pediatria orienta que os primeiros dentes dos bebês devem, sim, ser higienizados com cremes que contêm esse elemento na fórmula”, afirma Gabel.
Alimentação
A escolha do que é servido no prato das crianças e o manuseio dos ingredientes merece uma atenção especial. Quanto mais natural for a alimentação – com a presença de frutas e verduras –, menor será a incidência de alergias e mais distante estará a obesidade.
“Em geral, a alimentação complementar da criança é iniciada após o sexto mês, através de frutas in natura e papas de legumes, contemplando a pirâmide alimentar, composta por sais minerais, verduras, legumes, proteínas e gorduras.”
Gabel diz que o importante é o alimento ter diferente textura, sabor, variedade e cor.
O médico orienta também a não servir alimentos de origem desconhecida, sem fiscalização, pois estes podem estar contaminados e favorecer o aparecimento de doenças gastrointestinais.
Atividades físicas
O exercício físico é importante para todas as idades, inclusive para as crianças, pois estimula a memória e a aprendizagem, promove maior sociabilização, reduz o risco de obesidade e outras doenças provocadas pelo sedentarismo e corrige eventuais desvios posturais.
“Para a criança, a melhor atividade física é brincar. Brincar de pega-pega, esconde-esconde, tudo isso é muito bom. A educação física escolar deveria ser explorada ao máximo, pois a criança se desenvolve mais e explora todas as suas capacidades físicas. Quando se é criança, é bom experimentar todos os tipos de esporte, tanto aquáticos como terrestres”, afirma o educador físico do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo, Marcus Vinícius Grecco.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo