Como dar bronca nos filhos de forma adequada

21 de novembro - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

Quando as crianças fazem alguma coisa errada, uma brincadeira de mau gosto ou qualquer outro problema que exija alguma correção, nem sempre é fácil repreender a atitude de forma correta. Quando os pais ou principais cuidadores dão broncas de forma incorreta, no entanto, é possível que aquele problema seja resolvido apenas temporariamente. Sim, até para corrigir os filhos é preciso saber a forma correta.

De acordo com Maria Alice Fontes, psicóloga e doutora em saúde mental pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), para educar os filhos há outras ferramentas comportamentais melhores do que dar broncas. “Nós acreditamos que os filhos se comportam melhor quando eles se sentem bem. O processo de educação é longo e tem o objetivo de formar pessoas com habilidades de vida e não apenas responderem a broncas por causa do medo”, explica.

Reforços positivos são mais eficazes a longo prazo do que broncas impositivas - Foto: Shutterstock
Reforços positivos são mais eficazes a longo prazo do que broncas impositivas – Foto: Shutterstock

Quem deve mudar primeiro, portanto, são os pais. “O ser humano tem uma tendência natural de focar nas falhas dos filhos e acha difícil resistir à vontade de criticar e dar broncas. Claro que sabemos que uma boa bronca funciona a curto prazo, mas a tendência é precisar dar broncas cada vez maiores para obter o mesmo resultado”, explica. Por outro lado, diz Maria Alice, quando se cria os filhos com respeito, focando em soluções e em habilidades sociais e de vida, é feito um processo de educação que tem resultados em longo prazo.

Pergunte, não mande

Especialista em Disciplina Positiva, a psicóloga recomenda que os pais ou cuidadores perguntem no lugar de mandar. “Quando mandamos em alguém, criamos uma tensão fisiológica no corpo daquele que recebe a mensagem, gerando uma resposta automática do cérebro para resistir”.

Já perguntar, de acordo com Maria Alice, gera relaxamento fisiológico e envia uma mensagem ara o cérebro procurar por uma resposta.

“Nos sentimos capazes à medida que procuramos uma resposta interna para uma pergunta, em vez de provocar uma oposição a um comando. Ao sermos questionados, é mais provável que nos inspiremos a contribuir”, detalha.

Como exemplos ela cita que, em vez de mandar a criança escovar os dentes, que se lance a pergunta “o que você precisa fazer para que seus dentes fiquem completamente limpos?”. Em vez de falar “guarde seus brinquedos”, por que não dizer “qual é sua responsabilidade quando termina de brincar com seus brinquedos?”.

O objetivo desse método, explica a psicóloga, é encorajar as crianças e os adolescentes a se tornarem responsáveis, respeitosos, resilientes e aptos a solucionarem os próprios problemas ao longo da vida.

Firmeza na hora da correção

A psicóloga conta que os pais precisam ser firmes quando necessário, mas que isso não necessariamente implica em darem broncas. “A gentileza é importante para mostrar respeito pela criança, e é importante para mostrar respeito por nós mesmos e pelas necessidades da situação. Métodos autoritários geralmente carecem de gentileza, e métodos permissivos não possuem firmeza. Gentileza e firmeza são essenciais para o processo de educação”.

De acordo com Maria Alice Fontes, um exemplo de união da gentileza e firmeza é dizer ao filho que o ama, mas que a resposta ao que ele pede é não.

Leia também: Alimentação infantil: vale premiar ou castigar?

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

Compartilhe:

Dúvidas?
Envie sua pergunta para o

RESPONDE

acesse

Notícias Relacionadas: