Condicionamento necessário

08 de maio - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

Um jogador de futebol costuma correr entre nove e onze quilômetros nos 90 minutos de uma partida. Um profissional dos Correios, por exemplo, tem seu trajeto diário de trabalho limitado a oito quilômetros. Engana-se, entretanto, quem acredita que o exercício e a preparação física são necessários apenas para quem deve executar atividades tão intensas como as descritas anteriormente.

O sedentarismo não é novidade. A pesquisa mais recente apresentada pelo Ministério do Esporte revelou que, em 2016, quase metade dos brasileiros (46%) era sedentária. O levantamento considerou como sedentário aqueles que afirmaram não ter feito nenhuma atividade física durante o período de um ano analisado pelo ministério.

Foto: Shutterstock
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O que poucos percebem, entretanto, é que a atividade física está presente muitas vezes no próprio cotidiano, no próprio ambiente de trabalho, por meio de tarefas consideradas corriqueiras.

Para o ortopedista Arnaldo Hernandez, coordenador do Núcleo de Medicina Esportiva do Hospital Sírio-Libanês e professor associado da Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo, é necessário reforçar a importância de nos mantermos ativos durante toda a vida, ainda que o trabalho exercido durante a semana não envolva necessariamente atividade física.

“Mesmo que não possamos fazer uma atividade programada, devemos aproveitar todos os momentos do dia em que seja possível nos movimentarmos como, por exemplo, andar alguns quarteirões, estacionar o carro mais longe, subir e descer escadas ou até mesmo fazermos alguns trabalhos domésticos. Utilizar os finais de semana para algum lazer com movimentação, sem grandes esforços, também contribuem para uma manutenção de algum condicionamento”, avalia o especialista.

Não é novidade que a rotina atribulada muitas vezes impede – ou ao menos dificulta consideravelmente – a prática regular de atividade física. No entanto, muitas vezes o profissional sequer percebe que realiza esse tipo de atividade em meio às suas tarefas de trabalho, o que pode gerar lesões de diferentes tipos devido à falta de preparo e condicionamento.

Hernandez avalia também as situações nas quais as pessoas mudam consideravelmente suas rotinas, seja por meio de uma promoção no trabalho, seja devido à mudança de empresa/área de atuação. Se o sujeito até então era completamente sedentário, será necessário adotar uma série de procedimentos de modo a evitar lesões caso suas novas atividades profissionais demandem algum esforço físico.

“Caso a pessoa esteja totalmente sedentária, a primeira coisa [a se fazer] é verificar com um médico como está sua saúde [de forma] geral e se ela tem algum problema que possa ser agravado por essa mudança de hábito”, explica.

O especialista explica que não é um exagero pensar em lesões decorrentes dessa mudança no quadro de atividades profissionais executadas.

“Qualquer mudança de hábito, especialmente com esforços físicos, pode ocasionar lesões, especialmente as do tipo por sobrecarga repetitiva, como tendinites e até fraturas por stress. Dores lombares, cervicais e nos membros superiores também são muito comuns nessa situação”, afirma Hernandez, que ressalta ainda a necessidade de o empregador estar ciente quanto à mudança cotidiana vivenciada pelo funcionário.

“É muito importante que o empregador também tenha consciência disso para, no início, não exagerar na carga de trabalho de modo que haja tempo do colaborador adaptar-se a essa função, sob o risco de perder o funcionário por um tempo por razões médicas”, completa.

Conforme ressalta o especialista, é preciso lembrar constantemente de algo subvalorizado por boa parte dos brasileiros: o alongamento. A prática de atividade física, seja qual for a sua intensidade, requer alongamento. O procedimento, que pode ser realizado rapidamente pela própria pessoa, ajuda a prevenir lesões.

“Na verdade, seria importante um trabalho geral, não só de alongamentos, mas também fortalecimento e atividades para condicionamento cardiocirculatório. Além de ser útil para seu trabalho, é importantíssimo para a promoção da saúde geral para que, mesmo que volte a um trabalho mais sedentário, já tenha incorporado o hábito e faça disso uma nova forma de viver com mais prazer e segurança”, afirma o ortopedista.

Por fim, é importante frisar que, ainda que seu trabalho não exija atividades físicas, todos devem se esforcem para encaixar em suas rotinas algum tipo de esporte/atividade. Apenas 20 minutos por dia já fazem uma diferença considerável, conforme apontam os especialistas.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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