Confira dicas para uma lancheira saudável na volta às aulas
Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) já mostrou dados, digamos, nada doces a respeito da alimentação infantil no país. Segundo o estudo, 60% das crianças brasileiras com menos de 2 anos consomem regularmente biscoitos, bolachas e bolos.
São números alarmantes quando pensamos que esse tipo de alimento não é apropriado para a faixa etária – e que uma alimentação desse tipo é mais provável de causar obesidade ainda na infância e piorar na vida adulta.
Os especialistas em pediatria e nutrição sempre se apressam em fazer esses alertas, mas a verdade é que, no dia a dia corrido de pais e filhos, a praticidade acaba muitas vezes vencendo a boa alimentação.
Na pressa de mandar a molecada para a escola e partir ligeiro para o trabalho, por exemplo, mães e pais montam a lancheira com o que está mais à mão – na base de caixinhas de suco, pacotinhos de bolos prontos… e quem tem tempo de pensar, lavar e embalar as frutas? Esse tempo, porém, deveria ser prioridade. E olha que não precisa ser uma prova de resistência organizar uma “lancheira do bem”.
“O lanche do meio da manhã ou da tarde é mais para matar aquela fominha entre as principais refeições e para evitar que os pequenos, ao almoçar ou jantar com muita fome, exagerem na quantidade”, explica a nutricionista do Instituo do Coração (InCor) Thaís Leão.
“O lanche deve apenas repor energias, vitaminas, minerais e líquidos, ajudando na concentração para as atividades. Para isso, uma fruta mais um iogurte, por exemplo, já seria o suficiente para a maioria das crianças.”
Organizar com antecedência um lanche bem composto (vasculhando as prateleiras do mercado e vendo também nossas sugestões no quadro abaixo) é a chave – assim, na hora de entregar a molecada na escola, o princípio já está mantido e contido na lancheira.
Não é preciso fugir completamente do supermercado e passar horas assando bolos ou biscoitos caseiros com receitas mirabolantes. É bom equilibrar alimentos naturais com aqueles pelos quais as crianças sentem desejo.
“Sucos e achocolatados contém mesmo muito açúcar – mas é possível encontrar nas prateleiras versões integrais dos sucos. Ou mesmo mandar a fruta em vez do suco, que conserva melhor vitaminas e fibras”, lembra Thaís.
Nas gôndolas, prefira também cereais matinais integrais sem açúcar, pães integrais, mix de castanhas ou frutas secas – escolhas que devem, inclusive, fazer parte de uma alimentação geral da criança. E vale sempre comparar: biscoitos integrais sem recheio são mais interessantes do que os recheados (que contam mais como doce que como biscoito).
“É muito fácil encontrar alimentos altamente processados, com alta densidade calórica, açúcares, gorduras, corantes, conservantes nas lojas – e que as propagandas na TV influenciam muito as escolhas das crianças e, muitas vezes, os pais têm receio de impor limites. Mas a forma de se opor a isso não precisa ser o outro extremo. Não precisa ser sempre o legume cozido no vapor sem sal. Existem os temperinhos naturais, o azeite, molhos caseiros à base de iogurte”, afirma a nutricionista.
“Precisamos, sim, estimular a formação de bons hábitos alimentares, procurar escolher sempre que possível alimentos frescos, orgânicos, da época, do local mais acessível para cada um – mas em um contexto de equilíbrio. E estimular a criança a experimentar novos alimentos, a fazer a alimentação na mesa. Não pode ser só fast food, mas também há a necessidade de abrir, às vezes, uma exceção”, finaliza.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo