Conheça a gastroplastia endoscópica
A obesidade é uma doença crônica que afeta muitas pessoas pelo mundo. Além de cuidados com a alimentação e a adoção de práticas esportivas, mais uma opção para quem está lutando contra o excesso de peso vem ganhando destaque.
Trata-se da gastroplastia endoscópica, procedimento de redução estomacal realizado por meio de uma endoscopia.
Inicialmente, o método começou a ser utilizado apenas em caráter experimental, através de protocolos de pesquisas aprovados pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), vinculada ao Ministério da Saúde.
A gastroplastia endoscópica é um procedimento menos invasivo que a cirurgia bariátrica tradicional, não sendo necessários cortes na região estomacal.
Sob efeito de anestesia geral, são feitos pequenos pontos com o aparelho endoscópico e, em seguida, é realizada uma costura, reduzindo o tamanho do estômago do paciente. Dessa forma, ele passará a comer menos e, consequentemente, poderá perder peso.
De acordo com Luiz Vicente Berti, cirurgião do Centro de Excelência em Cirurgia Bariátrica do Hospital São Luiz, uma das diferenças entre este novo procedimento disponível para redução estomacal e a cirurgia bariátrica é o tempo de recuperação do paciente.
“Para quem faz o procedimento endoscópico, existe a possibilidade de o paciente ter alta no mesmo dia. Já o método mais tradicional exige pelo menos um dia a mais de internação”, destaca o cirurgião. A boa notícia é que, em ambos os procedimentos, há pouca propensão a dor no pós-operatório.
Segundo uma pesquisa realizada por Berti com pacientes que passaram pelo procedimento bariátrico entre cinco e sete anos atrás, cerca de 60% dos entrevistados não relataram dor no período de recuperação.
Restrições
De acordo com o especialista, este novo método não é utilizado em qualquer pessoa obesa.
“A gastroplastia endoscópica é realizada em pacientes com obesidade de grau leve e, assim como a bariátrica, tem caráter definitivo”, completa.
Além disso, o procedimento não é recomendado para quem tem acima dos 65 anos de idade, alguma doença pré-existente na região estomacal, portadores de distúrbios, como bulimia, e transtornos psiquiátricos graves.
Outros importantes fatores que devem ser analisados por quem pretende realizar a gastroplastia endoscópica dizem respeito ao pós-operatório, que exigirá um acompanhamento nutricional, psicológico e médico, além da adoção de novos hábitos alimentares.
Por ser um procedimento novo, muitos aspectos que envolvem a gastroplastia endoscópica ainda estão em fase de estudo.
Vladimir Schreibman, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Israelita Albert Einstein, é cauteloso e diz ser necessário mais tempo para que sejam feitas comparações aprofundadas com a tradicional cirurgia bariátrica, por exemplo.
“Ainda temos um pequeno grupo de pessoas que se submeteram a este novo procedimento, portanto qualquer afirmação mais específica pode não retratar a realidade. [Ainda] é preciso tomar certos cuidados”, diz Schreibman.
Vale ressaltar que os instrumentos utilizados no método de redução de estômago por meio da gastroplastia endoscópica já foram aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Resta agora uma padronização a ser definida pelos médicos em relação aos procedimentos adotados.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo