Conjuntivite: um incômodo que se espalha rapidamente
Ainda que boa parte do país esteja mesmo preocupada com a febre amarela, a ocorrência de surtos de conjuntivite neste início de ano tem gerado intensa preocupação em cidades de regiões distintas do Brasil.
Em Caldas Novas (GO), cerca de 2 mil pessoas com sintomas da doença foram atendidas apenas em janeiro. Em Corumbá (MS), as autoridades de saúde também tiveram de redobrar as atenções devido ao surto da doença, verificado na última quinzena do mês.
De acordo com o oftalmologista Vicente Vitiello Neto, do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, a conjuntivite é definida como uma inflamação da conjuntiva, membrana transparente e vascularizada que está localizada sobre a esclera (parte branca dos olhos).
“Os principais tipos de conjuntivites são a viral, bacteriana e alérgica”, complementa o oftalmologista. A alérgica é pontual, ocasionada pelo contato do olho (ainda que de forma indireta, ao coçar os olhos, por exemplo) com substâncias que despertam quadros alérgicos em determinados indivíduos.
Assim como a bacteriana (transmitida por bactérias), a alérgica é mais simples de ser combatida. Isso porque a principal preocupação dos médicos está relacionada à transmissão da doença, algo mais fácil de se controlar nos cenários de conjuntivite bacteriana e alérgica.
O problema está na doença em sua forma viral. “Não que sejam mais graves, mas as conjuntivites virais são as mais frequentes em nosso país, as que transmitem mais fácil e também as que dão maior sintomatologia”, explica o médico.
Ainda que não atue nos cenários vivenciados em Caldas Novas (GO) e Corumbá (MS), o oftalmologista aponta que surtos e epidemias deste tipo são geralmente de conjuntivites virais. O especialista chama a atenção justamente para o fato de que ambas as cidades são turísticas, atraindo grande quantidade de pessoas na virada do ano e também durante as férias de janeiro.
“A aglomeração de pessoas em locais turísticos com piscinas, bem como a desinformação sobre a doença, facilita a sua disseminação”, afirma. Corumbá está localizada no Pantanal sul-mato-grossense, e a principal preocupação das autoridades de saúde passou a ser o período do Carnaval, quando a cidade volta a receber um alto número de turistas.
Entre os principais sintomas da conjuntivite, os que mais se destacam são a vermelhidão nos olhos e o fato de lacrimejarem. Entretanto, dependendo da gravidade da doença, ocorre também inchaço nas pálpebras, intolerância à luz e visão embaçada. A secreção (esbranquiçada ou amarelada) também pode aparecer, sendo que a conjuntivite pode ocorrer em ambos ou apenas em um dos olhos.
Em casos como o das cidades citadas, o especialista recomenda alguns cuidados básicos para quem não contraiu a doença.
“Lavar sempre as mãos com água e sabão ou ter álcool gel e principalmente não levar as mãos aos olhos. Também evitar entrar em piscinas de uso coletivo nessas regiões de epidemia”, explicou.
Quem manifesta sintomas da doença deve procurar ajuda médica o quanto antes, tomando cuidado, enquanto isso, com a possível proliferação da doença a familiares e amigos mais próximos.
O tratamento irá envolver soro fisiológico e colírios, e poderá levar de 5 a 15 dias, dependendo da gravidade da doença.
Nesse período, recomenda-se o afastamento completo das atividades de trabalho. Em suas residências, no entanto, as pessoas devem tomar alguns cuidados para evitar passar adiante a doença.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo