Cortisol: o que precisamos saber sobre o hormônio do estresse

16 de julho - 2021
Por: Lidia Capitani

O hormônio também regula o metabolismo e outras funções do organismo. É necessário ser monitorado regularmente

O cortisol é comumente conhecido como o “hormônio do estresse”, pois é em momentos de agitação que a substância tende a ser liberada em maior quantidade no organismo. O cortisol também
está diretamente ligado a diversas atividades regulatórias do organismo, a exemplo do ciclo circadiano (relacionado ao sono), à regulação do metabolismo, e até de sistemas como o reprodutivo e o imunológico.

Por essas razões, é importante que seus níveis sejam mantidos dentro dos padrões considerados normais, para que não haja alteração de funções essenciais ou exposição do organismo a possíveis doenças. A quantidade de cortisol pode ser medida no sangue, em exame simples de laboratório.

Qual a função

O cortisol é um hormônio sintetizado pelas glândulas supra-renais (ou adrenais), que se localizam acima dos rins, e “possui diversas funções, como regular o chamado ‘metabolismo hidroeletrolítico’ (sódio, potássio e água), e o metabolismo da glicose”, explica Marcello Bronstein, prof. da Disciplina de Endocrinologia e Metabologia dos Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP).

O hormônio tem papel importante na chamada síndrome geral de adaptação. Trata-se de mecanismos de defesa quando uma pessoa enfrenta uma situação de estresse. Neste momento, a hipófise, glândula localizada no centro do crânio, aumenta a secreção de um hormônio, o ACTH, que estimula o aumento da produção do cortisol.

Quando é liberado

De acordo com o endocrinologista, em condições normais, o cortisol tem níveis circulantes máximos pela manhã, atingindo o pico por volta das 8 horas. Já durante o dia, sofre queda, e à noite alcança seus níveis mais baixos. Essa dinâmica caracteriza o ciclo circadiano normal para pessoas que geralmente acordam pela manhã e dormem à noite. No entanto, um importante trabalho da pesquisadora Érica Lui Reinhardt, na Faculdade de Saúde Pública da USP (FSPUSP), constatou-se que atividades laborais noturnas desregulam o ciclo natural do cortisol – o que acarreta em sintomas como alterações no padrão de sono, e pode prejudicar o sistema imunológico.

Cortisol alto e baixo: qual a diferença?

Existem situações anormais em que o cortisol é produzido em quantidades excessivas, o que pode levar à inchaços, diabetes, e aumento da pressão arterial. A condição está ligada diretamente ao raro distúrbio conhecido como síndrome de Cushing, caracterizada pelo aumento dos níveis do hormônio no sangue, e leva ao aparecimento de algumas alterações características da doença, como rápido aumento de peso, acúmulo de gordura na região abdominal e face, entre outros.

É preciso estar atento. O excesso de produção de cortisol pode estar relacionado ao estímulo anormal pela hipófise, à produção direta pelas suprarrenais ou, ainda, ao uso de medicamentos que contenham cortisol ou produtos sintéticos relacionados a ele.

Durante a pandemia de coronavírus, houve preocupação sobre o excesso de produção de cortisol pelos pacientes, como reportou o Jornal da USP. O estresse intenso pode levar a uma redução da atividade do sistema reprodutivo, com diminuição da libido e da menstruação e mudanças no padrão alimentar (com maior ingestão de carboidratos) — impacto não apenas na produção do hormônio, mas em todo o sistema endócrino, metabólico e reprodutivo, além de reduzir a imunidade.

“Por outro lado, o cortisol em menor proporção também é prejudicial à saúde. Pode levar à pressão baixa, perda de peso e cansaço excessivo”, alerta Marcello Bronstein.

Exame

O exame de cortisol é feito por meio da coleta de sangue, urina ou saliva do paciente; sendo possível avaliar o nível do hormônio na suspeita de distúrbios relacionados à sua secreção. Os valores normais dependem dos vários tipos de exames disponíveis para o diagnóstico das alterações relacionadas tanto ao excesso como à deficiência do hormônio.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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