Cuidado! Arguile é mais perigoso que cigarro

03 de agosto - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

Nem mais seguro nem inofensivo como muitos pensam. O arguile, ou narguilé como alguns falam, apresenta quatro vezes mais nicotina que o cigarro e pode ser mais danoso do que a versão tradicional.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os tabacos usados no arguile, que têm diversas essências, apresentam ainda 11 vezes mais monóxido de carbono e 100 vezes mais alcatrão do que o cigarro comum. Além disso, segundo a OMS, consumir uma rodada no cachimbo é equivalente a fumar 100 cigarros.

Foto: Shutterstock
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Atualmente muito popular entre os jovens, o arguile é bastante utilizado na cultura árabe, indiana e turca, e é um cachimbo de água preparado com um fumo especial. Costuma ser utilizado em grupo e todos fumam na mesma piteira.

Além dos males do tabagismo, o compartilhamento do produto também propicia a transmissão de doenças como herpes, hepatite C e tuberculose.

“O arguile tem alta concentração de monóxido de carbono, não tem filtro e a função da água é apenas resfriar a fumaça, não têm a função de filtrar as substâncias, como algumas pessoas pensam”, explica a cardiologista e diretora do Programa de Tratamento ao Tabagismo do InCor (Instituto do Coração), Jaqueline Scholz.

Segundo ela, o arguile também aumenta o risco de contaminação por doenças infecciosas, uma vez que o aparelho é compartilhado.

O Brasil registrou uma diminuição de mais de 30% no número de fumantes nos últimos nove anos, segundo o Ministério da Saúde. No entanto, a utilização do arguile ainda preocupa, pois é uma porta de entrada ao tabagismo e vem sendo mais consumido pelos jovens.

O tabaco continua sendo responsável por 90% dos casos de câncer no Brasil.

Os dados mais recentes sobre o tema são de 2013 da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que revelou que mais de 212 mil brasileiros admitiram usar o arguile. As informações são do Ministério da Saúde, que ano passado fez campanha específica para alertar sobre os perigos do cachimbo em parceria com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca).

O número de usuários do produto mais que dobrou em cinco anos, passando de 2,3% em 2008 para 5,5% em 2013, entre os jovens homens fumantes (entre 18 e 24 anos). Entre as fumantes mulheres da mesma faixa etária, o percentual permaneceu estável no período (5,5%).

“Não tem nada de seguro em fumar arguile, é uma forma de iniciação ao tabagismo e uma maneira que a indústria do tabaco encontrou para criar novos consumidores, podendo, inclusive, criar mais dependência”, explica Jaqueline.

Os estudos no Brasil sobre o impacto do uso do arguile em longo prazo ainda são recentes, mas, em países do Oriente Médio, onde o consumo é mais tradicional, levantamentos apontam para maior risco de desenvolver câncer de pulmão, boca e bexiga, além de ficar mais propenso a ter doenças respiratórias.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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