Cuidados com o óleo de prímula
As (muitas) mulheres que sofrem atualmente com os sintomas decorrentes da chamada Tensão Pré-menstrual (TPM) ou da menopausa certamente já buscaram tratamentos e remédios alternativos para o que sentem. Um deles é o óleo de prímula, que, inclusive, é indicado por alguns médicos como uma opção aos métodos tradicionais.
É preciso atentar-se, no entanto, que não há comprovação científica dos benefícios gerados pelo óleo de prímula em pacientes com queixas de TPM ou menopausa. Quem explica é Eliezer Berenstein, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz.
“Muitas pacientes frequentemente se voltam para abordagens ditas alternativas sem base na Medicina, baseadas em evidências terapêuticas fora da medicina convencional. Não há evidências suficientes para fazer uma avaliação confiável [da eficácia do óleo]”, afirma Berenstein, que discorre sobre as propriedades da substância.
“O óleo de prímula [Oenotherabiennis] é uma terapia alternativa de uso comum e uma fonte rica de ácidos graxos essenciais ômega-6. É mais conhecido pelo seu uso no tratamento de doenças sistêmicas marcadas por inflamação crônica, como dermatite atópica e artrite reumatóide. No entanto, a maioria dos testes até o momento tem falhas metodológicas significativas e devem ser considerados preliminares”, completou.
A avaliação é partilhada por Eduardo Motta, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês, que alerta sobre o oferecimento da substância sem qualquer controle ou acompanhamento para mulheres de perfis e sintomas diversos.
“É importante observar que estas substâncias são oferecidas à população sem parâmetros de controle de qualidade definidos, o que permite que possa haver oferta de componentes contaminantes ou em dosagem desconhecida. Desta forma, é importante estar atento à procedência e aos controles de qualidade para o consumo. Qualquer substância ingerida pode apresentar efeitos colaterais, como alergias, por exemplo”, explica.
É importante ressaltar ainda que os sintomas inerentes à TPM ou à menopausa não devem ser minimizados. Pelo contrário, podem e devem ser combatidos, na medida do possível, para evitar que a paciente tenha uma piora sensível na qualidade de vida.
Justamente por isso os especialistas ressaltam a importância de buscar acompanhamento médico ao notar a permanência dos sintomas e a piora do quadro clínico.
“É importante ter certeza do diagnóstico para que não se esteja retardando um tratamento mais adequado”, afirma Motta.
Já Berenstein destaca que cada mulher deve seguir o tratamento mais adequado às suas necessidades, pois não existe um único medicamento ou tratamento capaz de amenizar, de forma geral e indistinta, os sintomas da menopausa ou da TPM (chamada também pelos especialistas de Síndrome do Transtorno Pré-menstrual, ainda que o “nome popular” persista).
“Toda mulher é diferente e única. A maioria, mas não todas, experimenta sintomas da síndrome, até certo ponto, em algum momento. Mas nem todas sentem os mesmos sintomas, e esses sintomas variam em gravidade entre as mulheres, e mesmo de mês para mês”, completa.
Se você está experimentando sintomas fortes e persistentes relacionados à TPM ou à menopausa, procure um ginecologista para monitorar a situação. Antes disso, evite qualquer tipo de remédio ou terapia alternativa, sem comprovação científica, justamente para evitar um possível agravamento do quadro.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo